Desemprego no distrito de Setúbal deverá chegar aos 15,5%

Estudo da Universidade Nova diz que o distrito será, até final do ano, aquele que mais desempregados terá em todo o país. O dirigente da UGT adianta que este é o resultado de se ter apostado apenas no turismo.

São francamente más as perspetivas laborais para o distrito de Setúbal até final do ano. Um estudo da Universidade Nova de Lisboa – que ainda não foi divulgado, mas ao qual o Semmais teve acesso -, dá conta de que, até final de dezembro, esta seja a região do país mais assolada pelo desemprego, o qual deverá atingir os 15,5 por cento.

O documento em causa refere que há três concelhos no distrito que se destacam pela negativa e que contribuem decisivamente para a média geral. São eles Sines, com uma previsão de desemprego de 23,5 por cento, o Seixal, com 21,5 por cento, e a Moita, a atingir um total de 20,5 por cento. Estes valores não são, no entanto, os mais elevados do país, os quais estão previstos para Albufeira, no distrito de Faro, que deverá chegar aos 30 pontos percentuais.

Refira-se, também, que a média obtida no distrito é, à data que tivemos conhecimento do estudo (esta semana), de 18,3 por cento, pelo que as projeções feitas até final de dezembro revelam que, mesmo com a segunda vaga da pandemia de Covid-19 poderá existir alguma recuperação laboral nas próximas semanas.

 

UGT teme que se atinjam os piores níveis depois da crise em 2011

Em declarações ao Semmais, o principal dirigente da UGT no distrito, Manuel Fernandes, disse que a confirmarem-se as previsões, toda a região de Setúbal “passará a ter prioridade social”. O sindicalista refere que, mesmo sem conhecer a fundo as conclusões do documento, os números já difundidos revelam que “este é pior momento em termos de empregabilidade no distrito verificado depois da grande crise financeira (iniciada em 2011)”.

Recentemente responsáveis de instituições de solidariedade social de Setúbal revelaram ao nosso jornal que a maior parte dos pedidos de auxílio que têm recebido, são provenientes de pessoas que estavam a trabalhar na restauração, muitas delas sem quaisquer garantias de receberem apoios da Segurança Social em caso de necessidade.

Do mesmo modo não são ainda conhecidos os setores de atividade mais afetados pelo desemprego, embora não seja de descartar a hipótese de o turismo, a restauração e hotelaria serem aqueles que mais baixas vão contabilizar até final do ano.

“No período que se seguiu à grande crise financeira, a maior parte do distrito virou-se para o turismo. Foi este setor que acabou por gerar diversos postos de trabalho que agora, como estamos a confirmar, não estão suficientemente consolidados. Faltou, claramente, uma aposta mais firme noutras atividades laborais”, diz ainda Manuel Fernandes.