Ambientalistas saúdam a decisão anunciada pelo ministro das Infraestruturas de se avançar com uma Avaliação Ambiental Estratégica. Autarcas da Moita e do Seixal esperançosos no regresso à opção Alcochete.
As associações ambientalistas Zero e Quercus manifestaram satisfação pelo facto de o ministro das Infraestruturas e da Habitação ter anunciado que o Governo não se opõe a que seja efetuada uma Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) tendo em vista a possível construção do aeroporto complementar de Lisboa na Base Aérea número 6, no Montijo.
A decisão de aceitar a AAE foi anunciada por Pedro Nuno Santos, que justificou a mesma com o facto de, atualmente, não existir nenhum tipo de pressão financeira que leve o Governo a determinar o início imediato das obras. “Antes do início da pandemia o aeroporto de Lisboa estava esgotado e existia urgência em encontrar uma solução para que não se perdesse mais tempo a encontrar uma solução”, referiu o governante no Parlamento, durante a discussão do Orçamento do estado para 2021.
Esta posição começou por ser saudada pelo dirigente distrital da Quercus, Paulo do Carmo, que disse, em declarações ao Semmais, que a mesma “faz todo o sentido, atendendo a que deixou de existir a pressão por causa do movimento aeroportuário e já não existe uma necessidade imperiosa de avançarem as intervenções”. “Agora há tempo para melhor aprofundar os estudos, pelo que não me parece que a medida, com a qual concordo, seja desajustada”, afirmou o ambientalista.
Também o presidente da Zero, Francisco Ferreira expressou satisfação pelo anúncio do ministro das Infraestruturas. “É um bom sinal, que contrasta com o que tem sido a insistência cega do Governo na opção Montijo”, disse. A associação, lembrou ainda o mesmo dirigente, havia apresentado uma ação em tribunal, no ano passado, por não ter sido realizada a avaliação ambiental estratégica.
Autarcas aplaudem e reforçam esperança por Alcochete
Declaradamente contra a opção Montijo desde o início do processo, o líder da autarquia da Moita aplaudiu igualmente a decisão. “Saúdo esta admissão do Governo da importância de uma AAE e também o reconhecimento de que há tempo, que é possível reconsiderar a opção que tem vindo a ser defendida pelo Governo da construção da infraestrutura na Base Aérea nº 6, disse à Lusa Rui Garcia.
O autarca lembrou que este tipo de estudo, que compara várias localizações, “já foi feito de forma aprofundada e exaustiva há cerca de dez anos”, tendo levado à conclusão de que “a alternativa mais adequada do ponto de vista ambiental e das oportunidades que proporciona em termos do desenvolvimento é o Campo de Tiro de Alcochete”.
A mesma convicção foi manifestada pelo presidente da câmara do Seixal. “Parece-nos que, com esta decisão, o Governo demonstra que quer abandonar o projeto e, quanto a nós, bem, porque, de facto, o interesse das populações, da região e a nível nacional faz com que a melhor opção seja efetivamente uma primeira fase no Campo de Tiro de Alcochete”, apontou Joaquim Santos.
Já o presidente da autarquia do Montijo, Nuno Canta, que desta feita não foi possível contactar, admitiu em anteriores ocasiões respeitar qualquer decisão que venha a ser tomada relativamente ao local da construção do aeroporto complementar de Lisboa, ressalvando que, em sua opinião, as instalações da Base Aérea número 6, reúnem as condições necessárias.