Câmara do Seixal vai tomar posse do Campo da Medideira e Amora aponta voos mais altos

Em sete anos o clube passou de cerca de 60 associados para 1500. As dívidas foram saldadas, a SAD vendida a uma empresa americana e, agora, o município vai dar condições de excelência ao estádio.

O Campo da Medideira, na Amora, vai passar para a posse da câmara do Seixal. O recinto onde joga o Amora Futebol Clube, um dos mais populares de todo o distrito, sofrerá diversos melhoramentos, entre os quais avulta a construção de uma bancada com capacidade para mais de 5.000 espetadores.

“A passagem do estádio para a posse da autarquia é, ao fim e ao cabo, a salvação do clube, que desse modo fica com as melhores instalações desportivos do distrito e, ao mesmo tempo, fica livre dos encargos de manutenção”, disse ao Semmais o presidente da direção do clube, Carlos Henriques.

O objetivo passa por, ainda antes do final do ano, se iniciarem as obras. “A câmara, que muito nos tem ajudado desde 2017, já pagou o projeto e as sondagens. Também iniciou a construção do centro de treinos do Serrado, onde joga a equipa feminina”, adiantou o dirigente, anunciando que as novas instalações, para além de incluírem balneários modernos, vão ainda poder acolher uma quantidade de serviços obrigatórios para o futebol atual: “Teremos todas as condições para transmissões televisivas e todos os requisitos para, por exemplo, realizar testes para a deteção de doping”.

 

Da primeira divisão nacional à quase extinção em 2013

O Amora Futebol Clube, que andou pela primeira divisão nacional entre 1980 e 1983 (três épocas), esteve para ser declarado insolvente e extinto em 2013. Nesse ano, as dívidas eram na ordem do milhão de euros e a crença dos associados havia-se desvanecido de tal modo que apenas restavam 60 a 70 pagantes.

“A situação inverteu-se com muito trabalho”, afirma Carlos Henriques, lembrando que “eu e outros dirigentes tivemos de andar de porta em porta, a convencer os sócios da viabilidade do clube”. “Negociámos as dívidas às Finanças e à Segurança Social e hoje, praticamente, só devemos dinheiro a um antigo atleta que, ainda antes de termos assumido a direção, colocou a direção em tribunal depois de ter sido operado sem que existisse o necessário seguro. Por causa dessa situação é que o clube está obrigado a pagar-lhe 200 euros todos os meses, até à idade da reforma e com atualização de dois em dois anos”.

Atualmente, o Amora já tem 1500 sócios pagantes (o último inscreveu-se no passado dia 27) e já recuperou as receitas antes cativadas devido às dívidas, dos dois restaurantes e do posto de abastecimento de combustíveis.

 

Caixa

550 futebolistas em atividade

Segundo Carlos Henriques, o clube tem em atividade 550 atletas. São todos futebolistas (a única modalidade a funcionar), distribuídos por todos os escalões de masculinos e femininos. A equipa sénior feminina disputa a I Liga, enquanto a homónima masculina partilha com o Vitória Futebol Clube o comando da série H do Campeonato de Portugal. “O objetivo? É claramente continuarmos a evoluir e, dentro de alguns anos, a médio prazo, podermos regressar às divisões nacionais”, diz o presidente.

A estabilidade do clube, afirma ainda Carlos Henriques, tem passado também pela ação da SAD (Sociedade Anónima Desportiva), a qual foi comprada este ano pela empresa norte-americana American Soccer, que investiu 350 mil euros. “É a SAD a responsável pela equipa principal e pelos juniores”, explica, lembrando novamente a recuperação financeira e também a credibilidade de um clube onde Jorge Jesus, atual treinador do Benfica, começou a treinar ou ainda a passagem de Félix Mourinho (pai de José Mourinho), que ali se sagrou campeão nacional da II Divisão na época de 1979/80.