O corredor da Urgência do Hospital Garcia de Orta (HGO), em Almada, teve utentes acamados em macas encostadas umas às outras na madrugada de domingo.
Na origem da situação esteve um pico na afluência de utentes à urgência, motivado por “constrangimentos em urgências de outros hospitais da Península de Setúbal”, disse ao JN o Conselho de Administração do HGO.
“O Hospital está em contacto permanente com a tutela para ultrapassar esta situação pontual e atípica no funcionamento do Serviço de Urgência Geral que ocorreu na madrugada de domingo”, avançou ao final da tarde de domingo o conselho de administração.
A situação ocorreu por volta da uma hora da madrugada. Uma testemunha contou ao mesmo jornal que estavam cerca de 30 utentes acamados em macas ao longo do corredor da urgência, sem que estivesse garantida a distância de segurança para evitar a propagação de covid-19, mas o hospital nega este perigo de contágio.
“O espaço do Serviço de Urgência Geral em que se verificou o aumento do número de doentes é autónomo, distinto do circuito existente para os doentes positivos para covid-19”, disse o Conselho de Administração, que adianta que “os doentes suspeitos e a aguardar teste à infeção por SARS-Cov-2 têm uma área própria, a Área Dedicada Respiratória”.
“Mesmo perante o acréscimo do número de doentes em maca, a distinção de circuitos de doentes positivos e negativos para esta infeção é sempre acautelada” e para tal, existem “seguranças em três pontos distintos do Serviço de Urgência Geral que ajudam a manter uma circulação segura”, refere a administração.
Para a comissão de utentes, esta situação “é o reflexo da falta de investimento em material e recursos humanos no Hospital Garcia de Orta para lidar com os picos na urgência, tal como acontece noutros hospitais”, diz José Lourenço.
O dirigente desta comissão de utentes refere que o fenómeno da acumulação de macas ocorre todos os anos, principalmente durante o período gripal e devido à maior afluência ao hospital. “Este ano, pelo aumento de casos de covid-19, a situação pode vir a tomar contornos mais dramáticos, já que não há pessoal suficiente para tudo”, afirmou a mesma fonte.