Um pavilhão arrendado pela câmara de Évora vai ser cedido ao hospital para a instalação de uma enfermaria Covid-19, depois de a unidade hospitalar ter deixado de receber novos casos devido ao aumento de afluxo nos seus serviços.
O espaço “já está em condições” para ser utilizado e “basta a decisão do hospital” para entrar em funcionamento, revelou hoje à agência Lusa o presidente da autarquia, Carlos Pinto de Sá, após efetuar uma visita ao local.
Segundo o autarca, o pavilhão, situado na zona industrial da Horta das Figueiras, na periferia da cidade alentejana, foi arrendado e equipado pelo município e tem capacidade para 40 camas, capacidade essa que, em caso de necessidade, pode ser aumentada para 50 ou 60.
“O município vai ceder o espaço” ao Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE), através de uma parceria, para criar “uma enfermaria covid e aliviar” a pressão nas instalações da unidade hospitalar, sublinhou. Pinto de Sá adiantou que “nos próximos dias” o espaço “poderá ser ativado”.
No domingo, num comunicado enviado à Lusa, o HESE informou que, “devido ao extraordinário aumento de afluxo de doentes” na Área Dedicada para Doentes Respiratórios e Covid-19 (ADR) do seu Serviço de Urgência Geral, os doentes com covid-19 ou suspeitos de infeção pelos vírus que provoca a doença não devem ser encaminhados para aquela unidade.
Segundo o HESE, a informação sobre a situação com a indicação de que aqueles doentes e utentes suspeitos de infeção não devem ser encaminhados para aquela unidade já tinha sido enviada no sábado, por volta das 20h30, para o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU).
Questionado sobre a situação no concelho de Évora, o presidente do município realçou que, apesar da existência de “muitos casos ativos” de Covid-19, mais de 1.100 (segundo o mais recente relatório), os números “não são totalmente corretos”.
“Sabemos que há já muitos mais recuperados do que aqueles que as estatísticas mostram e, por outro lado, depois de reuniões que temos feito periodicamente com a Saúde Pública, não nos dizem que tenhamos alguma situação muito grave”, disse.
O autarca notou que os casos de infeção no concelho de Évora “são sobretudo no seio familiar” e que os surtos mais preocupantes são os do lar privado A Casinha e do lar Nossa Senhora da Visitação, da Misericórdia de Évora.
Em relação ao lar A Casinha, indicou o autarca anteriormente, os utentes infetados foram transferidos para a Estrutura de Apoio de Retaguarda (EAR), criada numa residência universitária, e os outros para uma “estrutura não covid”, situada na vila de Mora.
Na sequência do surto neste lar, disse à Lusa fonte da Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo, foram registados dois óbitos entre os utentes da instituição, um no HESE e outro na EAR.
Sobre o lar Nossa Senhora da Visitação, Pinto de Sá referiu que a Autoridade de Saúde Pública “ainda está a avaliar” a situação para “tomar decisões, nomeadamente em relação a uma eventual evacuação”.
Mas, “a situação mais complicada” está relacionada com o distrito de Évora e com os surtos que atingiram “um conjunto de lares” situados em vários concelho, realçou, salientando que são os utentes desses lares que estão “a sobrecarregar” o HESE.