Não há contágios entre os presos do distrito, mas os guardas temem que pandemia possa alastrar em Pinheiro da Cruz, que vai passar a receber reclusos de outras cadeias regressados de saídas precárias.
Seis funcionários do Estabelecimento Prisional de Setúbal estão isolados nos respetivos domicílios depois de lhes terem sido diagnosticadas infeções de Covid-19. A informação foi confirmada ao Semmais por uma fonte da Direção Geral dos Serviços Prisionais que referiu ainda não existir conhecimento de outros casos nas duas restantes cadeias do distrito, Montijo e Pinheiro da Cruz.
A mesma fonte assegurou a notícia avançada na quarta-feira por um jornal diário nacional, afirmando desconhecer a existência de infetados entre a população prisional da cadeia de Setúbal.
Apesar da ausência de casos positivos entre os reclusos das três prisões, as organizações sindicais do Corpo da Guarda Prisional continuam apreensivas quanto a uma eventual propagação da pandemia, lembrando, por exemplo, o grande surto decretado durante a semana no Estabelecimento Prisional da Carregueira, Lisboa, o qual obrigou já ao encerramento de todos os reclusos.
Guardas defendem que cada cadeia tenha áreas de isolamento
Os guardas entendem que é necessário que cada estabelecimento prisional possua áreas adequadas para receber os reclusos que possam ter de ser isolados e, por isso, temem que uma deliberação recente, que determina que os presos que se apresentam de saídas precárias, tenham de o fazer na cadeia de Pinheiro da Cruz, Grândola, independentemente de estarem a cumprir pena noutras prisões do Sul do país, possa contribuir para a disseminação da doença.
“Vamos imaginar que existem cinco reclusos isolados nesse espaço. Depois apresentam-se, vindos de precárias, dez outros presos. Estes não podem contactar com os cinco que já lá estavam, porque se algum estiver contaminado pode infetar os restantes. No dia seguinte apresentam-se mais meia-dúzia que, por sua vez, não podem ficar junto dos cinco iniciais e dos dez que se apresentaram depois. Está-se a criar um amontoado que, de facto, não garante a proteção da saúde das pessoas. É evidente que cada cadeia deveria ter uma área própria para acolher os seus reclusos vindos de saídas precárias”, explicou um dos guardas contactados pelo Semmais.
Guardas, funcionários administrativos e reclusos têm sido testados em diversas ocasiões, sendo que quando existem suspeitas são imediatamente isolados, seja nas residências (no caso dos guardas e dos funcionários civis) seja em enfermarias próprias, no caso dos presos. Para os reclusos existem enfermarias criadas para o efeito no Hospital Prisional São João de Deus, em Caxias.