Desinformação agravou ainda mais os prejuízos na restauração de Setúbal

AHRESP confirma que teve conhecimento de muitos casos de estabelecimentos encerrados pelas polícias por desconhecimento dos horários legais. Secretaria de Estado já divulgou nota a esclarecer.

Diversos empresários da restauração do distrito de Setúbal têm sido impedidos de trabalhar nas formas de take away (levar) e delivery (entrega) devido a uma má interpretação das regras em vigor. De acordo com a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) foram vários os casos em que as autoridades policiais mandaram encerrar estabelecimentos às 20h00 (durante a semana) e às 13h00 (fins-de-semana) por leitura errada das determinações da Secretaria de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor (SECSDC).

Um comunicado da SECSDC divulgado esta semana veio repor a legalidade nos procedimentos de fiscalização, adiantando que todos os estabelecimentos de restauração ou similares que possuem serviços de take away e delivery podem laborar até ao horário que lhes estava atribuído antes do confinamento. Isso mesmo foi também explicado ao Semmais pelo delegado da AHRESP em Setúbal, Paulo Esteves, que disse ter tido conhecimento de inúmeros problemas, com negócios que acabaram por fechar até ao total esclarecimento das autoridades (PSP e GNR). “O que aconteceu é que, depois das queixas e de as entidades fiscalizadoras terem compreendido que, afinal, não estavam a ser cometidas as infrações que eles julgavam, muitos empresários acabaram por perder horas de trabalho e o resultado financeiro que poderiam ter obtido”, disse.

“Tem havido muita informação errada e a própria comunicação social também não esclareceu com propriedade esta situação, que originou grandes quebras e que só agravou ainda mais a já difícil situação económica de muitos comerciantes”, adiantou Paulo Esteves.

 

Empresários divididos entre campanhas e fecho por tempo indeterminado

Atualmente, depois de a SECSDC ter feito nova divulgação das normas, muitos empresários da restauração estão empenhados em campanhas junto dos clientes. O delegado da AHRESP setubalense diz que é uma tentativa de minorar uma catástrofe e, embora não possua números exatos, estima que mais de metade dos estabelecimentos do distrito possam estar “totalmente encerrados e sem perspetivas de poderem reabrir”.

“Temos estado a dar o exemplo do Presidente da República, que na noite das eleições, depois de fazer a declaração pública ao país, foi a um restaurante buscar um bife para levar para casa. Já passava das 20h00, mas a casa estava a funcionar, porque podia fazê-lo, em modo take away e delivery, até ao horário que antes lhe fora atribuído”, disse o representante da AHRESP.

Em mais de uma dezena de contactos telefónicos para diversos restaurantes do distrito, o Semmais só obteve uma resposta de um comerciante (em Setúbal) que, não se querendo identificar, confirmou desconhecer as regras de funcionamento agora confirmadas pela secretaria de Estado.