O diretor do Serviço de Infecciologia do Centro Hospitalar de Setúbal (CHS), José Poças, afirmou que a afluência de doentes infetados com o vírus SARS-CoV-2 ao Hospital de São Bernardo foi “avassaladora” no mês de janeiro.
“Nós tratámos durante um mês (janeiro de 2021) muito mais doentes do que tratámos no resto do tempo, muito mais doentes em enfermaria, muito mais doentes em cuidados intensivos. E já vamos com 10 meses de epidemia” de covid-19, disse José Poças.
Segundo o responsável pelo Serviço de Infecciologia do CHS, que integra os hospitais de São Bernardo e do Outão, em janeiro foram assistidos 2.666 doentes, “metade dos quais com enorme gravidade clínica: amarelos, laranjas e vermelhos”.
“Foi avassalador, está a ser avassalador”, enfatizou o especialista em infecciologia, que falava sobre a procura e oferta de cuidados de saúde no CHS num debate `online` promovido pela câmara de Setúbal.
José Poças alertou também para a prevalência no concelho de `doentes covid`, números que, com base em dados oficiais, disse serem muito superiores “à prevalência no resto da Península de Setúbal”.
Segundo o clínico do CHS, “o que está estabelecido para a resposta a esta patologia não tem uma correspondência naquilo que é a distribuição dos recursos na região, ou seja, a taxa de esforço de Setúbal é efetivamente, quer em cuidados intensivos, quer nas enfermarias, muitíssimo superior”.
“E, aquilo que os estudos matemáticos dizem é que, de facto, não vai haver uma descida próxima, mas uma tendência para a estabilização dos números de doentes que vão necessitar de ser internados. E ainda uma subida, durante os próximos tempos, dos doentes que vão precisar de cuidados intensivos”, advertiu José Poças.
“A magnitude dos doentes ativos é esta: dos quase 10 mil doentes diagnosticados no concelho até agora, mais de 50% estão ativos. E isto é catastrófico, como é bom de ver”, concluiu.