Associações de animais do distrito enfrentam novos desafios

Algumas instituições começaram a receber mais pedidos de adoção durante os confinamentos, no entanto o medo de abandono no futuro é comum a todas, até as que não sentem o aumento da procura.

Porque há quem não possa parar, as associações que acolhem animais continuam a trabalhar diariamente para que os patudos tenham melhores condições e quem sabe serem adotados. “Os Canitos”, em Alcochete, foi uma das instituições que sentiu o aumento da procura. Quem nos conta é Eva Rodrigues, secretária da direção, que receia que, no futuro, parte dos animais adotados durante os confinamentos possam ser abandonados. “As pessoas agora têm mais tempo livre e por isso consegue dar mais atenção aos animais, no entanto quando regressarem aos trabalhos tememos que não consigam gerir tudo e que vejam que já não têm tempo para eles”, disse.

Contudo, apesar do aumento das adoções também se constata um crescimento no número de abandonos, ainda que não de forma abrupta. “O pior da pandemia tem sido a entrada de dinheiro”, afirma a mesma responsável, explicando que a associação sem fins lucrativos depende de donativos ou da comparticipação mensal dos sócios que apadrinham os animais. Face à crise sanitária, têm sido suspensas as visitas e, por essa razão, alguns padrinhos deixaram de fazer a comparticipação.

O mesmo receio tem Solange Miguel do “Abrigo das Mãozinhas”, na Moita. Neste momento, o espaço tem à sua responsabilidade 270 animais, mas teme-se o futuro. “Temos recebido vários pedidos de ajuda por parte da população que, para já, vamos conseguindo ajudar”, explica a presidente, afirmando que a nível de recursos humanos, a associação tem conseguido manter a ajuda voluntária.

 

Mais animais órfãos, principalmente os mais velhos

Já no litoral alentejano, tanto a “Associação S. Francisco de Assis” como a iniciativa” Casa 4 Patas” não notam crescimento nas adoções. Em Grândola, a iniciativa criada pela autarquia com o gabinete médico veterinário permitiu acolher cerca de 87 animais. “Antes da pandemia conseguíamos mais adoções porque tínhamos uma ação no mercado”, avança Sara Nunes, veterinária no projeto. Na atual situação, começaram a receber mais ofertas de ajuda, ainda que em Troia na colónia de gatos o auxílio, diz a veterinária, sirva “também de justificação para as pessoas saírem de casa”.

Em Santiago do Cacém, a “Associação S. Francisco de Assis” alberga 60 animais, e não sente o aumento da procura por adoções. “As pessoas preferem sempre cachorrinhos e os animais mais velhos vão ficando”, assume Antoinette Habraken, presidente da instituição desde 2016.  “Temos o caso de um senhor que morreu com Covid-19 e que a sua cadelinha ficou sozinha”, explica, afirmando que os pedidos de apoio neste sentido foram crescendo, e que a associação tem tentado arranjar solução para todos.