População de Vale d’Água, em Santiago do Cacém, fala de prejuízos ambientais, de saúde e de turismo para cancelar projeto de 1260 hectares, dos quais 800 estão na REN.
Mais de meio milhar de residentes na freguesia de Vale d’Água, no concelho de Santiago do Cacém, já subscreveram uma petição pública contra a instalação, nas imediações da aldeia, de uma central fotovoltaica cuja dimensão estimada é de 1260, dos quais 800 estarão dentro da Reserva Ecológica Nacional (REN).
A petição deverá ser entregue em breve à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) visando que esta dê um parecer negativo ao empreendimento apresentado à Câmara Municipal de Santiago do Cacém por uma parceria luso-espanhola. A ir por diante, esta será a maior central fotovoltaica do mundo, conforme avançou ao Semmais, há uma semana, o presidente da edilidade local, Álvaro Beijinha. O autarca salientou, no entanto, que a autarquia só viabilizará o projeto caso o mesmo seja aceite pela APA. Numa primeira apreciação, Álvaro Beijinha havia salientado que parte da central ficaria instalada num eucaliptal e que, durante as obras de construção, haveria alturas em que o número de trabalhadores seria de 2.000 por dia.
Na sequência da petição pública e em declarações ao Semmais, o dirigente distrital da Quercus, Paulo do Carmo, adiantou que esta instituição não concorda com os atuais moldes previstos para a instalação da central, adiantando que os painéis solares “quase entram por dentro da aldeia, ficando apenas a 30 a 40 metros das habitações”.
Ambientalistas dizem que podem morrer 2.500 aves por ano
Por outro lado, segundo salientou, os estudos já realizados dão conta de que, devido à dimensão do empreendimento, cerca de 2.500 aves possam morrer anualmente por ação direta do equipamento. “São, sobretudo, aves aquáticas. No final de dez anos serão menos 75.000 aves”, especificou.
Os signatários da petição pública dizem ainda que para além da destruição de espécies avícolas, existe igual risco relativamente à flora e a espécies endémicas, salientando que muitas árvores terão de ser abatidas. Além disso referem que a alteração paisagística poderá afetar a saúde mental dos mais idosos.
As pessoas que se estão a manifestar contra o projeto referem também que o mesmo não será favorável ao turismo na região e, referindo-se novamente ao impacto ambiental, afirmam que após 30 anos, o tempo estimado de vida para a central, o terreno ficará pejado de estruturas não recicláveis.