A reabilitação do Largo de Cacilhas, em Almada, prevê potenciar a atratividade do local, assim como a musealização de vestígios arqueológicos das antigas salgas romanas de peixe identificadas em 1981.
Desde o início do mês que a câmara de Almada está a proceder à empreitada de remodelação do Largo de Cacilhas. O objetivo, refere Inês de Medeiros ao Semmais, “é materializar, em curto prazo, algumas das dimensões de requalificação e densificar a atratividade de Cacilhas, restabelecendo contacto visual entre o rio Tejo e Lisboa”.
A obra, financiada pela autarquia com o apoio do Programa Portugal 2020, vai custar mais de dois milhões de euros e prevê, além da reabilitação, a instalação de mobiliário urbano diverso, plantação de árvores, reformulação da rede viária existente, incluindo a reorganização da zona das paragens dos autocarros (TST), a construção de uma escadaria junto ao rio para potenciar a criação de um passeio panorâmico sobre o Tejo e a cidade de Lisboa, e a extensão e qualificação da área pedonal, de apoio aos vários restaurantes localizados na zona envolvente.
De acordo com a câmara almadense, o projeto contempla ainda “a execução de novos pavimentos em toda a área de intervenção, de novas redes de esgotos domésticos e pluviais, adaptando-as às pré-existentes, as redes de gás, de telecomunicações e de infraestruturas elétricas, na qual se inclui a reformulação da rede de iluminação pública”.
Projeto prevê a musealização do espólio arqueológico romano
Também parte da zona restrita do Sítio das Salgas Romanas, classificada como imóvel de interesse público, será alvo de musealização. “Prevê-se a criação de dois poços, integrando três das Cetárias existentes, que serão colocadas a descoberto”, sublinha a edil que acrescenta que os poços das Cetárias vão ser protegidos com um pavimento em vidro, de forma a permitir a visualização dos tanques das salgas, “sendo o referido pavimento em vidro delimitado pelo pavimento envolvente existente em calçada”.
Apesar de não ser possível, neste momento, uma musealização integral do sítio, a autarquia considera “muito importante que a comunidade tenha a possibilidade de visualizar alguma dessas estruturas, devido à sua importância na história local e nacional”.
A identificação dos vestígios da Fábrica Romana de Salga de Cacilhas, datada do século I d. C., remonta ao ano de 1981, altura em que os trabalhos arqueológicos colocaram a descoberto um conjunto de tanques destinados à preparação de conservas e molhos à base de peixe junto ao estuário do rio Tejo, que voltaram a ficar soterrados por decisão da câmara de Almada. “No final da década de 1980, não existiam, no local, condições para a sua musealização. Nesse contexto foi decidido proceder à sua proteção, cobrindo-as com sedimentos destinados a garantir a preservação do sítio arqueológico”, conta o município.
A conclusão da requalificação do Largo de Cacilhas está prevista para janeiro do próximo ano.