Manifestando disponibilidade para desempenhar funções no clube da cidade, talvez como “conselheiro”, o extremo esquerdo lamenta o marasmo futebolístico no distrito e apela aos investidores.
Paulo Futre, talvez o futebolista de maior cartel nascido no distrito de Setúbal, será homenageado, em agosto deste ano, pela câmara do Montijo, a sua cidade natal. Um gesto que premeia um dos melhores jogadores portugueses de sempre num momento em que a descoberta de novos valores parece comprometida devido à paragem das competições nos escalões de formação e, sobretudo, numa altura em que os clubes da região parecem afundados e resignados nas divisões secundárias.
Em declarações ao Semmais, o esquerdino, que jogou nos três maiores clubes portugueses, mas também em Espanha, Itália e Inglaterra, começou por manifestar “um grande orgulho e uma honra por ser distinguido pela câmara da minha cidade”. Um gesto que, afirma, “devia ter ocorrido em 1990 ou 1991”. “Na altura não houve acordo entre a câmara municipal, eu e a minha família. Esse acordo existe agora e eu estou muito satisfeito com o que escutei do presidente (Nuno Canta)”.
Mais sombrios são os olhares de Paulo Futre sobre o futuro do futebol no distrito. “Não consigo perceber, por exemplo, o que se passou com o Vitória (de Setúbal), que devia estar a lutar pela Europa, e anda perdido nos distritais. São anos a mais para tentar resolver situações financeiras que nunca foram explicadas”, disse.
Para além da equipa sadina, o antigo extremo esquerdo diz também que não consegue entender o desaparecimento competitivo de outros clubes, nomeadamente aqueles que, em épocas anteriores, disputaram a I Divisão. “Não sei o que se passa. Não percebo porque não aparecem investidores com capacidade para levarem um ou mais destes clubes até à I Divisão. Setúbal e todos os seus concelhos, sempre foram um viveiro de grandes futebolistas e treinadores”, lembrou.
Esquerdino receia travagem na descoberta de novos craques
Nascido no Montijo, Paulo Futre não coloca de parte a possibilidade, caso surja um convite, de se tornar “conselheiro” do Olímpico, o principal clube da cidade. Essa função poderia, por exemplo, levá-lo a identificar jovens atletas. No entanto, conforme refere, o tempo atual, com a pandemia a suspender diversas competições desportivas, nem sequer permite descobrir futuros craques.
“Já vamos a caminho do segundo ano consecutivo de suspensão da competição nos escalões de formação. Isso é uma catástrofe. Sem competirem, os miúdos não vão poder evoluir. Limitam-se a ficar em casa, a chutarem bolas contra uma parede”, afirmou.
O antigo internacional português lembra também que em Espanha, onde passou grande parte da sua carreira, a federação local já permite a atividade das equipas jovens. “Em Portugal alguém deveria autorizar o mesmo, porque a continuar esta paragem, muitos miúdos vão deixar de praticar futebol e outras atividades desportivas”, concluiu.