Casa das Quatro Cabeças de Setúbal abre portas como alojamento local

Após uma profunda recuperação liderada pela câmara municipal, que incluiu o restauro e conservação da fachada do edifício com mais de cinco séculos, a histórica Casa das Quatro Cabeças abriu portas como alojamento local.

A reabertura da Casa das Quatro Cabeças, imóvel de Interesse Municipal desde 1977, implantado no centro histórico da cidade de Setúbal, no Bairro de Troino, pôs fim ao cenário de degradação e abandono, servindo agora como extensão da Casa do Largo – Pousada da Juventude.

Maria das Dores Meira, a edil da câmara sadina, sublinhou na inauguração que a reabilitação do equipamento acompanha o desenvolvimento feito no concelho nos últimos anos no que diz respeito à valorização do património histórico edificado, destacando, a título de exemplo, as requalificações do Convento de Jesus e da fachada do Hospital João Palmeiro.

“Acreditamos que este é também o caminho para que possamos ter um território onde as pessoas sintam que é bom viver, sintam que é possível ter qualidade e, ao mesmo tempo, atrair visitantes. Estou certa de que este é um trabalho que vai continuar a ser feito no concelho. Porque é imperioso continuar, por Mais Setúbal”, sublinhou a autarca na cerimónia, a qual contou com a presença do Executivo municipal e do presidente da União das Freguesias de Setúbal, Rui Canas.

Antes da reabilitação, que representou um investimento global na ordem dos 370 mil euros, uma equipa de arqueologia da autarquia efetuou trabalhos de estudo e investigação no interior e exterior do imóvel de três pisos.

A recuperação ganhou forma após a aprovação de uma candidatura apresentada pela autarquia ao programa público de apoio à reabilitação e promoção de arrendamento, o Reabilitar para Arrendar, do Instituto de Habitação e da Reabilitação Urbana.

Embora seja uma extensão da Pousada da Juventude de Setúbal, a Casa das Quatro Cabeças pode ser usufruída por qualquer visitante e tem, ainda, usos específicos previstos. “Apta a receber quem nos visita por motivações académicas, nomeadamente estudantes internacionais dos programas Erasmus, serve igualmente para dar resposta a situações de emergência e de compromisso social, assim como tem as necessárias condições para servir quem tem motivações de turismo de negócio ou de lazer.”

Os nomes dos cinco apartamentos são inspirados nas praias setubalenses: Figueirinha e Galapos no piso térreo, Portinho da Arrábida e Alpertuche no primeiro andar, e Galapinhos no segundo piso.

Em cada andar, as cores que marcam a decoração são diferentes, “mas conjugam-se entre si”. Os verdes da Serra da Arrábida, o azul do Rio Sado. Há ainda quadros com motivos e espécies marítimas.

Com acesso a partir da porta n.º 44 da Rua Fran Paxeco, disponibiliza três estúdios, capazes de alojar, cada um, três hóspedes, no máximo de dois adultos, aos quais se juntam um quarto, para cinco hóspedes, no máximo de três adultos, e um duplex, para seis hóspedes e um máximo de quatro adultos. Todos os apartamentos têm casas de banho privadas e cozinhas equipadas com forno, placa, micro-ondas, frigorífico combinado, máquinas de lavar roupa e louça, torradeira e chaleira.

O preço por noite pode variar, consoante as épocas do ano e o tipo de alojamento, entre os 60 e os 130 euros.

A lenda que justifica as quatro cabeças esculpidas na fachada, que dão nome ao edifício, ganhou força de verdade com o passar dos anos, acreditando-se que as pequenas esculturas remetem para a tentativa de regicídio frustrada que, naquela mesma zona da cidade, teve lugar contra D. João II.

A história diz que a única cabeça intacta no final desse episódio foi a do monarca, acabando os quatro protagonistas, incluindo el-rei, cinzelados em pedra, numa espécie de pedagogia eterna.