Medidas preventivas esvaziam reservas nos restaurantes da região

Por medo, precaução ou falta de informação, muitos clientes estão a evitar ir aos restaurantes ou a cancelar reservas de grupos. Empresários do distrito não condenam as medidas impostas, mas voltam ao estado de apreensão.

A maioria dos restaurantes da região de Setúbal, depois da ordem de desconfinamento, estava a começar a recuperar os prejuízos e focada no aumento da procura que a época natalícia proporciona. Com o surgimento da variante Ómicron, o Governo voltou a apertar as medidas preventivas e os empresários a deparar-se, mais uma vez, com as casas vazias.

“Logo a meio de novembro, quando se começou a falar na nova variante da Covid-19, vi-me obrigado a fechar o restaurante à noite. Apesar do espaço ter 94 lugares, todos numa área exterior, as pessoas não apareciam. Cheguei a estar três dias sem vender um único jantar”, partilha com o nosso jornal Gilcimar Silva, proprietário do Cantinho do Barril, em Setúbal.

Segundo o empresário, atualmente, a taxa de ocupação é de cerca de 10 por cento, ou seja não consegue servir “mais de 10 refeições por dia”. Para além desta realidade, adianta, “já foram cancelados dois jantares de Natal para 38 pessoas e um outro para a Passagem de Ano para 40”. “As pessoas estão com medo e, para já, vou manter o restaurante fechado à noite por tempo indeterminado”, afirma.

A braços com a anulação de reservas está também o 100 Peneiras, no Seixal. A apresentação do certificado de vacinação ou de teste negativo para frequentar os espaços entrou em vigor a 1 de dezembro e, “logo nesse dia, começaram as desistências”. “As regras inicialmente pareceriam claras, mas, depois, geraram alguma confusão tanto nos empresários como no público. O certo é que jantares de empresas que tínhamos para os fins de semana foram anulados, assim como de alguns particulares”, adianta ao Semmais o proprietário Luís Oliveira.

Para além de registar um menor fluxo de clientes diariamente, o 100 Peneiras ‘perdeu’ quatro serviços para cerca de 80 pessoas e viu-se obrigado a dispensar os funcionários extra que tinha contratado.

 

Empresários alegam coação para anulação dos convívios

Com um prejuízo, aparentemente maior, está o Pedra e Fondue. As reservas para os “fins de semana e feriados até ao fim do ano estavam praticamente preenchidas”, mas com o aumento de casos de Covid-19 foram desmarcadas. “Tivemos cancelamentos de cerca de 300 ou mais pessoas, sobretudo para jantares de Natal”, disse o proprietário Nuno Barros, referindo que o “Auchan de Setúbal cancelou um jantar de 70 pessoas, porque a empresa desaconselhou a fazê-lo.

Na opinião deste empresário, que se viu deparado com mais sete situações idênticas, “os funcionários são quase obrigados a não fazerem os habituais convívios natalícios, porque as empresas têm medo de virem a ter que encerar os seus estabelecimentos”.

Já o presidente distrital da AHRESP de Setúbal, e proprietários de dois restaurantes em Sesimbra, Daniel Piedade, diz que estas novas medidas, estão “confusas e pouco esclarecedoras para o cliente” e que o setor está receoso. “De forma a verificar a situação de testagem, ligámos para várias farmácias na zona de Sesimbra e não havia, em nenhuma, testes gratuitos, o que é completamente contraditório com o que o senhor primeiro-ministro diz, ‘que há quatro testes gratuitos por mês, para cada cidadão’, isto é incompatível com a informação que nos chega, e só prejudica o cliente”, afirma.