Os socialistas animam no fecho de campanha e estão a dar tudo para não perder nenhum dos seus nove eleitos. Nas ruas há mobilização das hostes e adesão popular.
Na última semana de campanha, com as sondagens a repor o ânimo, os socialistas do distrito cavalgaram a onda trazida pela presença de António Costa. Foi assim, quarta-feira, num grande comício em Almada, e, ontem, na arruada de Setúbal. “Continuamos”, reafirmou o secretário-geral do PS, oferecendo às hostes socialistas o repassar da narrativa de feitos: o fim da austeridade, a reposição de rendimentos, e a gestão da crise sanitária, num país que, afirmou o líder do partido da rosa, “estabilizou o desemprego, reduziu a carga fiscal, investiu nas políticas públicas e viu o país crescer em termos económicos”.
Na mobilização, o efeito Costa faz-se sentir e agita o entusiasmo. Não há hostilidade nas ruas, e a entrega de lápis, brochuras e álcool gel, que fazem parte das ofertas de campanha, corre a bom ritmo. “Estamos aqui para mostrar a força do PS, partido que sempre contribuiu para o desenvolvimento do nosso distrito, com muito investimento público”, lembra a cabeça de lista Ana Catarina Mendes.
Há abraços, mas também receios. Na arruada do Seixal, um casal de meia idade, “convictamente socialista” lembra o crescimento de Rui Rio nas sondagens e mostra preocupação: “As pessoas estão a esquecer a pandemia e a forma como o governo segurou o emprego. O Costa é um grande primeiro ministro”, lembra o simpatizante Armando Calado.
A primeira semana, foi morna, aquecendo aqui e ali, como ocorreu na Moita, onde até os candidatos a deputado por Setúbal dançaram ao ritmo do Huga-Huga, com sons da charanga do Rosário. “Queremos uma grande vitória e manter a representação parlamentar. Temos sentido grande apoio e aqui no distrito as pessoas sabem bem o papel que o PS tem tido nas suas vidas nos últimos tempos”, diz ao Semmais António Mendes, presidente da federação socialista, numa iniciativa em Alcochete.
Mendes pede voto de confiança e lembra causadores da crise
A caravana pede mais “um voto de confiança” e Mendes, que lembra a força rosa nas autarquias do distrito, desfere a indireta aos outros partidos da gerigonça: “O que se nota é que as pessoas estão estupefactas com esta crise e sabem bem que não foi António Costa, nem o PS, que a criou”.
Pelo mesmo diapasão afina João Gomes Cravinho, ministro da Defesa e candidato por Setúbal, ao afirmar ter “sentido de muitos populares a perceção correta e lúcida que o PS fez tudo o que pode para levar o diálogo até fim com os partidos à sua esquerda. Estou muito otimista num grande resultado”. E vai mais longe: “Os próximos anos vão moldar o tipo de sociedade que nós queremos e as pessoas começam a indagar-se se querem um modelo que o PS já provou ou o regresso de um governo de direita, agora aditivado com o Chega, numa altura em que, em 2024, se vai comemorar os 50 anos do 25 de Abril”.
Mas mesmo com o trunfo do passe navegante, que revolucionou o acesso aos transportes públicos, a comitiva socialista não se livra de críticas, nem mesmo à porta de uma escola em Setúbal, na presença do secretário de Estado da Educação, João Costa. São decorrências que a proximidade dos eleitores justifica. Nada que impeça nem abrande o ritmo de Ana Catarina Mendes, que lidera as forças. “Temos obra feita neste distrito, que tanto tem dado ao país, e uma governação que reforçou as políticas sociais, mostrou contas certas e promoveu desenvolvimento económico. Mas a verdadeira sondagem só mesmo no domingo”, frisou.