Passes de Magia

Há uns anos tive uma discussão com um colega de profissão, amigo e que até foi vereador na mesma altura que eu no Seixal.

Ele é do Partido Socialista, mas daqueles que, desculpem-me a expressão “que não tem palas” e eu, que me orgulho de também não as ter, apesar de estar do outro lado em termos ideológicos, costumava (e costumo) muitas vezes trocar argumentos e ideias com ele – ele defendendo o seu partido – PS e eu o meu – PSD, dentro dos nossos limites, conhecimentos e boa-fé.

A discussão de que vos falo passou-se pouco tempo após António Costa ter assumido o governo e vivíamos a época em que habilmente a “geringonça” livrava-nos da austeridade e da guilhotina dos impostos.

Devem lembrar-se que sempre disse que Pedro Passos Coelho foi um excelente Primeiro-Ministro, mas um péssimo e nada hábil político e que António Costa era (e é) o político mais “habilidoso” do nosso reino e um mau Primeiro-Ministro. A história o julgará, mas para a minha análise, entre outros aspectos, um deles tinha a ver com a habilidade da sua geringonça, não só de se manter à tona, como sobretudo de manter a austeridade com alguns truques de magia, que quando fossem descobertos, já não importava.

Já á irei aos truques, mas o mais extraordinário é que ele conseguiu estar seis anos à frente de um governo minoritário e mesmo assim ganhar umas eleições e, pasme-se, com maioria absoluta, mas como conseguiu Costa esse feito?

Simples: enganando-nos. Como? Por um lado, com as famosas capitações, ou seja, insere “para Inglês ver” as despesas no orçamento, mas não as disponibiliza, e elas só constam no pale, mas ficam cativas. Concebem algum truque de magia mais inteligente? Costa tem de agradecer ao Mário Centeno impor esta ideia genial. O País é que ficou para trás. Mais ainda do que no tempo da Troika, mas como no papel, ano após ano era prometido o investimento, mentindo-se aos portugueses, estres preferiram a mentira à verdade, nua e crua de Pedro Passos Coelho que dizia que não havia dinheiro para essas coisas.

Depois, o maior truque de Costa, foram os impostos. Costa habilmente dava com uma mão o que tirava com a outra, ou seja, Costa no papel diminuía os impostos, anunciava essa diminuição, mas depois aumentava alguns impostos indirectos, como sejam o hoje muito conhecido ISP (o tal imposto sobre os produtos petrolíferos) e as pessoas foram aceitando serem enganadas.

Só isso explica a minha discussão com esse meu amigo, que até apostou comigo que o PS tinha baixado os impostos, ficando eu impotente de lhe conseguir explicar que baixar uns impostos é diferente de baixar a totalidade dos impostos. O que interessa é a totalidade os impostos que cada um de nós paga.

Se repararem, hoje com o petróleo, apesar do preço do barril estar a subir, ainda assim é bastante inferior ao valor que atingiu na última crise petrolífera – 2008, mas a verdade é que na altura o preço final ao consumidor da gasolina e do gasóleo era bastante inferior ao que pagamos hoje. Porquê?

Simples, porque agora estamos a pagar o crude e também os impostos sobre os produtos petrolíferos. O golpe de mágica foi tão inteligente que na altura o meu amigo e colega, apesar de astuto e inteligente, deixou-se levar pela propaganda socialista e, por isso, perdeu a aposta.

Quantos mais incrédulos Costa ainda engana?

UM CAFÉ E DOIS DEDOS DE CONVERSA
Paulo Edson Cunha
Advogado