Instituição tem inscrito no âmbito do PRR a expansão e requalificação da Residência de Estudantes de Santiago, a única que dispõe atualmente, assim como a construção de novas infraestruturas no Barreiro e em Sines.
O alojamento para os alunos de ensino superior é uma problemática galopante em Portugal e por isso encarada com responsabilidade e preocupação pelo Instituto Politécnico de Setúbal (IPS).
Apesar da maior parte dos estudantes que frequenta a instituição ser da região ou de zonas próximas, o que torna a situação menos complexa, o IPS acolhe, como explica a presidente Ângela Lemos ao nosso jornal, um número significativo de alunos de “outros pontos do país e internacionais (em mobilidade pelo programa Erasmus, por exemplo), pelo que o assunto ganha, naturalmente, a sua premência.
“É uma problemática que temos de encarar e que nos fez trabalhar para garantirmos condições e podermos investir fortemente nestas áreas”, assumiu a presidente, justificando assim a emergência do investimento nos alojamentos.
Neste contexto, segundo Ângela Lemos, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), está preparado um grande investimento nos alojamentos estudantis de responsabilidade do IPS, como é o caso da Residência de Santiago, em Setúbal.
“Está prevista a ampliação, assim como várias obras de melhoramento das instalações existentes”, revelou, sublinhando que com a expansão a residência, agora com uma capacidade de 294 camas, passará a ter mais de 80 disponíveis.
Além disso, como avança a presidente do IPS, o investimento nesta área não se limita a Setúbal: “Também no âmbito do PRR, temos a construção de uma residência para estudantes no Barreiro, com capacidade para 50 camas, e em Sines, onde estão previstas cerca de 47”.
Bruno Fragueiro, presidente da Mesa de Assembleia Gera da Associação Académica do Instituto Politécnico de Setúbal (MA- G-AAIPS), enalteceu esta decisão do IPS que vai ao encontro das reivindicações dos estudantes. “Foi um processo trabalhado em constante diálogo com a direção do instituto e com os Ser- viços de Ação Social”, referiu ao Semmais.
Para este responsável, esta medida será importante para o futuro do politécnico. “O IPS está a crescer e cada ano que passa recebe mais estudantes. Logicamente que a necessidade de alojamento vai aumentar, portanto em boa hora vemos a expansão da atual residência e a construção das outras, no Barreiro e em Sines”.
Procura por residências no distrito é cada vez maior
Para Marisa Santos, administradora da ação social desta instituição de ensino superior, são de suma importância estes investimentos. “Apesar da Residência Santiago conseguir dar resposta aos pedidos que temos e que por lei obrigatoriamente temos de assumir, o mercado em Setúbal é pouco dinâmico e os preços são cada vez mais altos, pelo que estimamos que existam cada vez mais alunos a procura- rem residências”. disse ao nosso jornal.
A responsável explica que o custo mensal na residência é de 76,79 euros para alunos bolseiros e 125 euros para não bolseiros. A estes valores podem acrescer entre 8 e 16 euros de suplemento por quarto individual. Neste momento, revela a administradora, existem entre “350 a 380 candidaturas”, mas a necessidade deve ser superior, acabando a procura por se estender à oferta privada.
Nesse campo, segundo tem observado a AAIPS e de acordo com Bruno Fragueiro, a média por quarto está entre os 250 e os 300 euros. “Os preços variam de zona para zona. Aqui perto do IPS, Faralhão, Estefanilha, Praias do Sado, por exemplo, são ainda os preços mais acessíveis”, explicou.
Além disso, a Associação Académica procura auxiliar no alojamento, nomeadamente centralizando a oferta privada. “Temos uma plataforma online onde estão colocadas as ofertas que nos chegam e estão disponíveis. Lá têm todas as informações que necessitam e o descritivo da ajuda que podemos dar”, afirmou o responsável pela MAG.
Apesar das ofertas terem de ser aprovadas pela AAIPS, Bruno Fragueiro alerta que não cabe à associação ser “reguladora do mercado de alojamento”, pelo que não existe a possibilidade de se fazer uma extensa investigação sobre os espaços disponíveis, mas o mesmo garante que o processo é feito com “seriedade por todas as partes” e que, até ao momento, “não tem havido problemas” e a mesma plataforma é “elogiada por senhorios e estudantes”.
Fator económico influência desempenho dos alunos
De acordo com Marisa Santos, a questão do alojamento, em especial após a grande redução do custo das propinas, tornou-se um elemento central na vida dos estudantes. “Sabemos que grande parte do investimento que os alunos e as famílias fazem é para o alojamento e isso pode torna-se um fator que influencia no desempenho e, em alguns casos, motivo de abandono escolar”, sublinha.
As residências para estudantes desempenham para a responsável, em narrativa corroborada por Ângela Lemos, também uma função importante de “integração e socialização” para os alunos, que muitas das vezes estão pela primeira vez “longe das famílias e dos amigos”. Ambas partilham a ideia de que “as residências precisam de ser dinamizadas e enriquecidas”, aproveitando a riqueza e diversidade cultural de quem nelas habitam.
Bruno Fragueiro refere que a AAIPS acompanha, na medida do possível, os estudantes pro- curando soluções. “Tentamos, desde o primeiro dia, fazer com eles se sintam acompanhados e que saibam que podem contar com a nossa ajuda. Desistir não é opção.”, afirma o responsável, deixando o apelo: “Se tiverem dificuldades, seja com o alojamento, a nível pedagógico, psicológico, procurem-nos. Todos juntos vamos encontrar soluções”.