A GNR não fornece dados sobre a criminalidade detetada e as vítimas, mas reconhece que as zonas rurais do nosso território são as mais afetadas.
A GNR referenciou no distrito de Setúbal, durante o ano em curso, 1716 idosos que vivem sozinhos ou em locais isolados. São pessoas que, de acordo com os autores da operação “Censos Sénior 2022” podem carecer de cuidados de saúde ou até serem vítimas de criminalidade.
O nosso território, ainda segundo os dados do documento recentemente concluído, é o 11o entre os 18 do continente onde há mais idosos a viverem isolados. No total do país, onde foram identificadas 44.511 pessoas em situações de alguma precariedade (tendo em conta o isolamento), apenas Braga (1594 casos), Coimbra (1278), Leiria (1109), Lisboa (1134), Porto (875) e Viana do Castelo (1155) apresentam números inferiores.
O Semmais tentou, junto do Comando Territorial da GNR de Setúbal, obter alguns elementos referentes à população em causa. Pretendia-se saber, quantos queixas foram efetuadas em 2021 por crimes de que tenham sido alvo os idosos a viverem isola- dos, em que áreas (concelhos) residem essas mesmas pessoas e se entre as vítimas existem mais homens ou mulheres.
A resposta dada pelas autoridades refere que “os idosos em situações de maior isolamento ou sozinhos, estão por norma localizados nas zonas mais rurais do distrito, pese embora alguns estejam sinalizados pelo risco de poderem ser alvo de crime, nomeadamente roubos, furtos e burlas. Atentos à segurança dos nossos idosos, não podemos fornecer mais dados que complementem a sua reportagem”.
Mesmo sem elementos oficiais, o nosso jornal sabe que as principais preocupações incidem nos concelhos rurais, nomeadamente os do Litoral Alentejano. “Na Serra de Grândola, devido a algumas dificuldades de acesso, e em Alcácer do Sal, por causa da extensão, existe um maior número de pessoas em situação vulnerável e que, por isso, são alvo de maior atenção por parte das patrulhas da GNR”, referiu fonte conhecedora do processo.
PSP faz acompanhamento nos grandes centros
Também nos municípios de Palmela, Moita e Sesimbra existem diversos casos referenciados. Já nos grandes centros urbanos este tipo de acompanhamento à população idosa e que vive sozinha é efetuado pela PSP e por outras instituições de carácter social, desconhecendo-se quais os números implicados.
“Por norma os idosos que vivem mais isolados necessitam de sentir a confiança dos militares que os procuram. Tenta-se transmitir algumas regras básicas de segurança e prevenção, seja não permitindo o acesso a casa a desconhecidos, reportando de imediato qualquer tentativa nesse sentido, seja aconselhando as pessoas a não guardarem quantias significativas de dinheiro ou outros valores”, disse a mesma fonte que solicitou não ser identificada.
Relativamente aos crimes mais comunicados, os militares que se deslocam às zonas de risco referem que se verificam com “alguma regularidade” tentativas de burla: “Aparecem pessoas a dizer que as notas vão sair de circulação e que estão ali para garantir a sua substituição. Aparecem indivíduos que se fazem passar por técnicos de serviços e que exigem dinheiro para prestarem trabalhos que não executam e, infelizmente, também há alguns casos de roubo, o que implica a utilização de força física ou de ameaça com armas. Já se registaram casos de agressões e, por isso, as patrulhas tentam sempre sensibilizar os idosos para não oferecerem resistência física”.
A GNR, mesmo sem revelar o número de patrulhamentos efetuados para acompanhamento da população idosa que vive isolada, tem por hábito trocar informações com outras entidades que também se deslocam a esses locais mais ermos. “Há uma troca de informações regular e recíproca com bombeiros e equipas médicas. Essa colaboração permite ter um melhor conhecimento da realidade”, adiantou a mesma fonte.