Misericórdias voltam a incentivar convívios familiares

A quadra vem sobretudo cimentar o importante trabalho desenvolvido diariamente. Covid-19 e outras doenças ainda causam preocupações, apesar de não haver restrições tão rígidas como nos últimos dois anos.

A quadra natalícia é encarada como um momento de celebração e reunião familiar. No entanto, esta realidade não é vivida de igual modo por todos, principalmente por quem já não tem autonomia e está a ser cuidado por instituições de solidariedade social. Ao abrigo das misericórdias ou de outras entidades, muitos idosos no Alentejo dependem destes ‘lares’ para poderem sentir um pouco do ‘calor’ da época.

“Vamos ter uma tarde convívio, de atividades animadas por um acordeonista e uma peça de teatro. Depois temos a Consoada”, revela à nossa revista Luísa Moreira, provedora da Santa Casa da Misericórdia de Portalegre, adiantando que a festa vai contar com centenas de utentes, que vão ter oportunidade de “se deliciarem com a ementa trabalhada em parceria com a Escola de Hotelaria e Turismo da cidade”, e receber uma lembrança.

Além disso, quem tiver condições para sair da instituição, “vai passar a quadra com a família”. Paralelamente, porque a Misericórdia de Portalegre também tem uma valência infantil, vai ser realizada uma Festa de Natal para as crianças no Auditório da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais.

Apesar de considerar a quadra “importante e bonita”, na conversa com a Semmais a provedora deixou um desabafo. “Acaba por ser também um momento doloroso. Infelizmente, temos algumas situações de abandono, tanto de idosos como de pessoas com deficiência, o que faz com que tenhamos de ter mais atenção e carinho com estes casos”, sublinhou Luísa Moreira.

Para tentar combater situações como estas, a Santa Casa da Misericórdia de Santiago do Cacém, por exemplo, como explica o provedor Jorge Nunes, procura ter um contacto constante com as famílias: “Costumamos oferecer o almoço aos familiares dos nossos utentes quando os vêm visitar. Deste modo, conseguem estar mais tempo juntos e até atestar a qualidade dos nossos serviços”.

Tanto em Santiago do Cacém, como em Portalegre, vão-se ultimando os preparativos para a quadra, mas, no primeiro caso segundo o provedor, de modo “simples e limitados”. “Vamos ter um almoço com os utentes e também com as diversas valências. Também temos alguma animação. É um dia diferente, mas não apaga aquilo que fazemos todo o ano”, referiu.

Apesar de não haver regras tão restritivas a nível sanitário, é notório, nas várias instituições, que a pandemia e outras doenças de fácil transmissão, preocupam os responsáveis, em especial nas valências onde se encontram os idosos.

“É preciso ter um cuidado extremo. Vamos ter muita animação, mas não é comparável ao que fazíamos antes da pandemia”, explicou Horácio Pereira, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Grândola. O responsável, sublinha, ainda assim, que os utentes têm “total liberdade”, caso “existam condições para tal”, de celebrarem com as famílias.

Já em Sines, apesar do provedor Eduardo Bandeira assumir que as festas vão “ter a dimensão e as atividades que tinham antes de Covid”, com “utentes e trabalhadores”, vão ser divididas por valências e “em grupos reduzidos”. O provedor destacou também o facto de “cada utente ir entregar uma lembrança a um familiar”.