“Multiplas facetas” da artista Estrela Faria em exposição em Évora

A artista, nascida em Évora em 1910, é considerada um dos nomes de referência na segunda geração do Modernismo português.

As “múltiplas facetas” do trabalho da artista Estrela Faria vsão recordados numa exposição inaugurada no sábado, em dois espaços culturais de Évora, divulgou hoje a Direção Regional de Cultura do Alentejo (DRC Alentejo).

De acordo com os promotores, esta exposição propõe “reencontrar a obra da artista”, que tem estado “um pouco esquecida”, dando desta forma a conhecer as “múltiplas facetas” do trabalho que desenvolveu ao longo da sua vida, os diversos temas abordados e técnicas desenvolvidas.

Estrela Faria, nome da segunda geração do Modernismo português, era natural daquela cidade alentejana, onde nasceu em 1910, e morreu em Lisboa, em 1976.

“Através desta exposição pretende-se incentivar a realização de um estudo rigoroso sobre Estrela Faria, tanto a nível nacional como internacional, nomeadamente sobre o trabalho que desenvolveu no Brasil e em Moçambique, procurando-se também que seja elaborado um inventário exaustivo da sua obra”, pode ler-se no documento.

Dada a “abrangência” da sua obra, a exposição é constituída por dois polos, estando patente ao público na Galeria da Casa de Burgos obras que evidenciam as “características polifacetadas” da artista: pintora, professora, decoradora, ilustradora, cenógrafa, vitrinista.

“Entre as obras apresentadas encontram-se estudos de trabalhos que realizou para pintura, pintura em painéis cerâmicos com várias temáticas e técnicas”, pode ler-se no documento.

Já na BPÉ será apresentado um núcleo com livros ilustrados por Estrela Faria bem como um núcleo documental que integra desenhos e fotografias da artista com múltiplas personalidades da época, em contexto profissional e social.

Esta exposição resulta de uma parceria estabelecida entre a DRC Alentejo, a Universidade de Évora, a Escola Secundária Gabriel Pereira e a Biblioteca Pública de Évora.

A mostra conta também com o apoio de familiares de Estrela Faria, de colecionadores particulares, de vários museus nacionais onde a artista se encontra representada, entre os quais o Museu Nacional do Teatro e da Dança e o Museu Nacional do Azulejo.

Esta iniciativa conta ainda com o apoio do Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, do Instituto de História da Arte da Universidade Nova de Lisboa, da Direção – Geral do Livro e das Bibliotecas – Torre do Tombo, da Escola Secundária Rainha Santa Isabel – Estremoz.

Estrela Faria nasceu em 1910 e ao longo da sua trajetória fez a sua formação inicial na Escola Industrial e Comercial Gabriel Pereira, frequentou depois a Escola de Belas-Artes de Lisboa onde concluiu o seu curso de pintura, tendo sido discípula de Veloso Salgado.

Na sua formação destacam-se a estadia em Paris, como bolseira do antigo Instituto de Alta Cultura, e a sua passagem por várias cidades da Europa.

No seu percurso artístico trabalhou também no Brasil e em Moçambique, nomeadamente na cidade de Lourenço Marques, atual Maputo.

Lecionou na Escola Artística António Arroio e na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa.

Participou em exposições coletivas como a 25.ª Bienal de Veneza e as primeiras edições da Bienal de S. Paulo, entre outras mostras internacionais.

A sua participação na Exposição Internacional de Paris (1937), numa mostra coletiva de pintura contemporânea, foi distinguida com a Medalha de Ouro. Em 1945 recebeu o Prémio Columbano.

A sua obra encontra-se igualmente representada em coleções como as do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian e o Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado. Os painéis do Museu de Arte Popular e da escadaria do antigo Cinema Alvalade, em Lisboa – uma alegoria ao cinema que pôde ser recuperada e manter-se no novo edifício -, estão entre as suas obras mais conhecidas.