O metro quadrado para construção está agora em 2.208 euros. Vendedores dizem que a subida dos preços da habitação é uma consequência da falta de construtores.
Setúbal é a sétima capital de distrito onde o preço da habitação é mais elevado. No final de fevereiro, de acordo com a Idealista, empresa imobiliária que fez o levantamento nacional, o metro quadrado custava 2.208 euros. Os vendedores locais assinalam a dificuldade de encontrar casas novas no mercado e atribuem o aumento dos preços à falta de empresas de construção civil.
“Há uns anos os agentes imobiliários encontravam-se no Castelo de São Filipe e, olhando para a cidade, iam contando as gruas. Era um modo de conhecerem o que se estava a construir e poderem trabalhar. Agora raramente se vê uma grua. O setor está parado”, disse ao Semmais um responsável da imobiliária setubalense Pedra Angular.
“A crise acentuou-se em 2011. Nesse ano desapareceram 71 empresas de construção civil na cidade. Não havendo casas à venda em quantidade, é normal que os custos das que aparecem no mercado sejam cada vez mais elevados”, adiantou o mesmo agente, acrescentando não estranhar o aumento de 1,6 por cento da habitação durante fevereiro.
A ideia da falta de imóveis para venda é igualmente partilhada por Cristina Vinhas de Sousa, da Century 21 Contacto Direto. Este agente refere que “as poucas casas novas que surgem no mercado são vendidas ainda antes de estarem concluídas”.
“Entre 2015 e 2021 o preço da habitação em Setúbal e na maior parte do distrito quase que duplicou. Foi um aumento brutal. Agora, quando surge, por exemplo, um T1 no mercado, a venda efetua-se em menos de uma semana. Faltam apartamentos novos para venda e as pessoas que conseguem começam a virar-se mais para as moradias usadas”, disse a mesma agente.
A “viragem” do mercado para a aquisição de casas usadas enfrenta, no entanto, algumas dificuldades. “Setúbal é uma cidade pobre onde os ordenados são relativamente baixos. Com a nova lei, que aumentou o pagamento das garantias de cinco para dez anos, é muito mais difícil negociar”, referiu o responsável da Pedra Angular, acrescentando ainda que também o acesso ao crédito bancário está mais difícil.
As estatísticas mais recentes referem também que os concelhos de Sintra, Seixal e Setúbal são aqueles onde, desde 2018, mais aumentou a taxa de esforço. No Seixal passou de 17 para 44 por cento e em Setúbal o aumento foi de 15 para 39.
Ainda de acordo com o relatório da Idealista, a Área Metropolitana de Lisboa, com 3.473 euros por metro quadrado, continua a ser a região mais cara para adquirir habitação no país, segue-se o Algarve (3.088 euros/m2), a Região Autónoma da Madeira (2.416 euros/m2) e o Norte (2.040 euros/m2). Do lado oposto da tabela encontram-se a Região Centro (1.347 euros/m2), a Região Autónoma dos Açores (1.389 euros/m2) e o Alentejo (1.475 euros/m2).