Uma escola de Évora é das primeiras do país a plantar uma floresta com o método japonês Miyawaki, que prevê o crescimento mais rápido das árvores, para ter, no prazo de 10 anos, um “oásis” de biodiversidade.
A floresta Miyawaki da Escola Manuel Ferreira Patrício foi plantada em parceria com a organização Forest Impact e o apoio do projeto Além Risco, coordenado pelo investigador Miguel Bastos Araújo, que disponibilizou as 300 plantas.
Acompanhados pela professora Leonor Pascoal, durante uma aula das disciplinas de matemática e ciências naturais, Simão e os colegas da turma espalham-se pela zona e procuram “tomar o pulso” às plantas.
“Vamos ver como é que estão as plantas”, diz Vitória Sousa, enquanto, ao lado, a colega Isabel Patrício considera “interessante ver o crescimento” das árvores, pois são importantes para “dar mais sombra e oxigénio e melhorar o mundo”.
Com os alunos ocupados a acompanhar o desenvolvimento das jovens plantas, a professora Leonor Pascoal vê com “bons olhos” estas saídas da sala de aula, já que a matéria dada nas suas disciplinas ganham exemplos práticos.
“Tudo o que falamos em teoria, na sala de aula, podemos ver aqui na prática. Desde a luta pela luz, como estamos a observar, com plantas de diverso porte, grande, médio e rasteiras, até à humidade que se cria à volta das plantas”, salienta.
Esta já é a quarta pequena floresta Miyawaki no distrito de Évora que contou com a colaboração da Forest Impact, mas, como destaca à Lusa o fundador da organização, Charles Cabell, é uma das primeiras do país no interior de um estabelecimento escolar.
Nesta floresta, encontram-se plantas herbáceas e arbustivas e árvores de porte pequeno, médio e grande e, antes da sua plantação, o solo foi revirado e colocado fertilizante natural na terra, até um metro de profundidade.
“Por termos plantado e seguido a metodologia Miyawaki, daqui a uns 10 a 15 anos, vamos ter uma floresta madura”, afiança, lembrando que, se fosse plantada com o método tradicional, demoraria “100 anos a crescer”.
Charles Cabell diz que, neste espaço, quando as plantas atingirem o tamanho normal, existirá “muita sombra e uma área mais refrescada”, com “benefícios comprovados no combate às ilhas de calor e para melhorar o solo e a retenção de água”.
Esta técnica japonesa, sublinha, “dá prioridade a espécies nativas” e a plantação é feita com grande densidade para “criar florestas autossustentáveis e de crescimento rápido, que restauram a biodiversidade”.
Salientando que as alterações climáticas estão na ordem do dia, o fundador desta organização sugere que a iniciativa sirva de exemplo para que outras escolas e municípios trabalhem juntos e a repliquem por todo o país.
“Os alunos, muitas vezes, estão distanciados da floresta e da natureza” e há estudos que mostram que “eles reconhecem os logótipos das empresas, mas não reconhecem as plantas”, mas, nesta escola, os alunos já “estão a reconhecer”, acrescenta.