INEM vai abrir processo de inquérito para apurar as circunstâncias do transporte de um doente para a urgência do hospital de Setúbal pela Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) na noite de terça-feira.
O presidente do conselho diretivo da Associação Nacional dos Técnicos de Emergência Médica (ANTEM), Paulo Paço, tinha denunciado esta terça-feira à noite à agência Lusa que a VMER de Setúbal tinha respondido naquele dia a uma emergência nesta cidade, acabando por transportar o doente para a urgência do Hospital São Bernardo.
“Aquela viatura é única e exclusivamente para fazer deslocar a equipa de suporte avançado de vida, que neste caso é composto por médico e enfermeiro e mais ninguém. Até mesmo por uma questão legal (…) daquilo que nos foi dado a conhecer, nem sequer em termos de seguro (…) cobriria este ocupante”, sublinhou Paulo Paço.
Em comunicado enviado esta terça-feira à Lusa, o INEM referiu que, na sequência de um acidente de viação ocorrido na terça-feira na cidade de Setúbal, o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) acionou uma ambulância e uma VMER.
“Após avaliação por parte da equipa médica da VMER, o CODU foi informado de que se tratava de um ferido ligeiro. A VMER do Hospital de São Bernardo decidiu efetuar o transporte do ferido para a Unidade de Setúbal antes da chegada da ambulância ao local”, adiantou ainda.
Na sequência do sucedido, o INEM “vai abrir um processo de inquérito para apurar em detalhe o ocorrido”, destaca ainda o INEM no comunicado.
A ANTEM tinha apontado ainda, de acordo com as informações que recolheu, que foi acionada para o local da emergência uma ambulância de Castanheira do Ribatejo, Vila Franca de Xira, distrito de Lisboa, considerando “preocupante desde logo” devido aos “cerca de 50 minutos em marcha de urgência” entre as localidades.
Paulo Paço frisou que esta situação levanta questões: “Não existiam ambulâncias disponíveis em Setúbal? E, para além disto, se este transporte [pela VMER] é legal?”.
O responsável da ANTEM tinha também sublinhado à Lusa que este tipo de situações acontecem diariamente em Setúbal e por toda a margem sul do Tejo, acrescentando que “em tempo útil” a associação alertou que, com a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Lisboa, as fragilidades “se iriam agravar”.
Também em comunicado a ANTEM tinha destacado que quer o presidente da comissão que elaborou o plano de saúde para a JMJ, quer o presidente do INEM, anunciaram 150 e 98 meios de reforço para a JMJ, respetivamente, e tranquilizaram o ministro da Saúde com este anúncio.
Mas Paulo Paço vincou que “há alguns elementos que supostamente deveriam estar ao serviço nas ambulâncias dos postos de emergência médica que não estão, para fazer face à JMJ”.
“Foram deslocados para os postos médicos avançados e outras situações com as quais o INEM se comprometeu. É óbvio que se se retira pessoas de um lado, para colocar no outro, vai acabar por faltar, porque não houve um acréscimo, o que houve foi uma realocação de pessoas e meios”, sublinhou.
A JMJ é um encontro de jovens de todo o mundo com o Papa Francisco e decorre desta terça-feira até dia 6 de agosto em Lisboa, onde são esperadas mais de um milhão de pessoas.