Sobre o paraíso

O artigo e o poema coincidem no título, como que reforçando um tema que sendo recorrente e agradável, está impregnado de religiosidade e porque não (?) num nível mais elevado e sobrenatural, cabendo na dita espiritualidade.

Se não me falha a perceção, não há religião que não ofereça essa ideia de um paraíso prometido. Um lugar de eleição para os bem-comportados, que devem cumprir uma certa conduta e ter certos procedimentos. Para os crentes a recompensa virá, para os mais céticos é difícil de admitir e “é coisa que não cabe em seu juízo.”

Mesmo para quem não se preocupe com incursões desta natureza, vulgarmente se revela a procura do paraíso. Um paraíso que sendo um lugar idílico na terra se pode resumir a “uma paz sentida sem sentido” que “acalma o olhar”, sem exigir coordenadas terrestres, apenas reservando “amor no coração onde pousar”. E que melhor tradução se poderá encontrar senão a de um “corpo entregue ao universo”, num desprendimento que lhe permite o despontar de um sorriso.

O resto é coisa de poeta no simbolismo do encantamento pelo verso. E de que este mundo de maldade e guerra, possa um dia encontrar a paz indiciadora desse paraíso prometido. SemMais!

 

Sobre o paraíso

Sempre essa razão de existir
Lugar a que chamam paraíso
Foi questão sem resposta a admitir
Que é coisa que não cabe em seu juízo.

Se for paz sentida sem sentido,
Um ponto em que se acalma o nosso olhar,
Talvez sem lugar se ande perdido,
Ter amor no coração onde pousar.

Todo o corpo entregue ao universo,
Um sorriso no rosto a despontar
Pode até o paraíso ser um verso
De cada letra se fazer o seu lugar.
(inédito)