Nos primeiros oito meses houve 220 reclamações, sobretudo por causa dos horários e do comportamento de alguns motoristas. Também há queixas da falta de paragens e de abrigos.
O desempenho da Carris Metropolitana, que iniciou atividade em junho do ano passado, é considerado fraco obtendo apenas 8,3 pontos num total de 100 no inquérito destinado a apurar o Índice de Satisfação. A maioria das reclamações contra a empresa reportam-se a percursos efetuados na Margem Sul e incidem, sobretudo, na carreira que faz ligação entre a Costa da Caparica e o Areeiro, em Lisboa.
De acordo com o Portal da Queixa (referente à Carris e Carris Metropolitana), os atrasos na circulação dos autocarros são o motivo de maior descontentamento, mas também a atitude dos motoristas tem sido alvo de reclamações. Entre janeiro e agosto deste ano a empresa, que serve os concelhos da península de Setúbal, foi motivo de 220 reclamações, o dobro das verificadas durante o período de funcionamento de 2022.
Desde que existe a plataforma para os utentes apresentarem queixas, foram anotadas 2.183 ocorrências, sendo que 80 por cento das mesmas dizem respeito à Carris Metropolitana. Não existe, no entanto, uma contabilidade relativa aos protestos motivados por serviços prestados nos concelhos da Margem Sul. “É difícil de fazer essa leitura, até porque muitos desses transportes, como é o caso das carreiras que fazem a ligação entre a Costa da Caparica e Lisboa, operam nas duas margens”, explicou um especialista contactado.
Também as ligações entre Alcochete e Setúbal e Lisboa e Vale da Amoreira têm sido alvo de contestação. Os utentes reclamam por causa dos atrasos e pela alteração dos horários, mas também devido ao que dizem ser comportamentos incorretos de alguns motoristas.
AML diz que reclamações registadas são normais
De acordo com os especialistas da AML contactados pelo Semmais, as reclamações que se verificaram até ao momento “são normais, tendo em conta que foram criadas inúmeras novas carreiras e muitas outras foram reformuladas”. “Há sempre um período de habituação a novos horários e percursos e esse fator pode ajudar a explicar algum descontentamento”, adiantam.
“No início houve até empresas que não tinham pessoal suficiente para operarem. Foi necessário contratar motoristas e dar-lhes formação. Esses fatores, por certo, que influíram no desempenho dos transportes em alguns locais. Mas, pelo que tem sido possível constatar, são problemas que estão a ser ultrapassados. Também houve alguns obstáculos durante a Jornada Mundial da Juventude, pelo facto de nem sempre existirem autocarros que fizessem a ligação com o serviço ferroviário, em algumas estações e em determinados períodos”, refere ainda a mesma fonte.
Também a Comissão de Utentes dos Transportes da Margem Sul entende que os novos percursos e horários, talvez ainda não totalmente assimilados, podem ter contribuídos para muitas das reclamações. Sublinhando que existem “muitas carreiras novas”, o dirigente Marco Sargento, recorreu ao concelho de Almada para denunciar algumas anomalias. “Há vários percursos novos, mas não há paragens. Em alguns locais os autocarros só param no percurso descendente de algumas ruas, obrigando quem tem de subir a um esforço enorme, uma vez que as paragens são poucas e distantes. Por vezes os passageiros são obrigados a percorrer distâncias equivalentes a três campos de futebol até chegarem a uma paragem. Também há reclamações devido à inexistência de abrigos para passageiros”, diz, sublinhando que estão identificadas algumas anomalias em localidades como a Costa da Caparica (junto ao Centro de Saúde), na Cova da Piedade e no Feijó.
“Já enviámos para a câmara de Almada um documento onde identificamos os locais que são alvo de reclamações. Agora, esperamos que a autarquia fale com a Carris Metropolitana para que, gradualmente, se possam retificar e solucionar os problemas”, adiantou Marco Sargento ao Semmais.
Utentes dizem que há excesso de velocidade
A velocidade supostamente excessiva que algumas viaturas atingem em determinados percursos é outra das reclamações acentuada pela Comissão de Utentes. Marco Sargento afirma que o problema já foi reportado à câmara municipal e à empresa concessionária, a Transportes Sul do Tejo, SA, sublinhando que há relatos de passageiros que chegam a cair dentro dos autocarros. Este tipo de incidentes, diz, ocorrem sobretudo nos mini bus. Já a transportadora refere que estes são problemas muito pontuais mas que, mesmo assim, são alvo de “rigoroso processo de averiguação interna”, conforme salienta a Lusa.