Obra, publicada em 1968, aborda a sobrevivência humana perante a destruição da terra e traz à cena temas atuais como a emergência climática e os sistemas de sustentabilidade.
“Barbo: Salvar Gaia Rumo a Yod”, uma produção da companhia Teatro Estúdio Fontenova, estreia no Fórum Municipal Luísa Todi, em Setúbal, na próxima sexta- -feira, 17 de novembro, pelas 21h00, onde fica em cena até ao dia 26.
A peça teatral escrita por Armando Nascimento Rosa e encenada por José Maria Dias, surge inspirada no conto “Barbo”, uma obra de ficção cientifica da autoria de Natália Correia, publicada no ano de 1968.
“Um dos motivos que nos levou a fazer esta peça foi a comemoração do centenário do nascimento da Natália Correia, que se celebra este ano. Nesse sentido, houve um desafio mútuo, entre nós e o Armando Nascimento Rosa, em fazermos qualquer coisa que tivesse a ver com esta escritora. Ele lembrou-se deste conto e achámos interessante”, explica ao nosso jornal o encenador.
Ao interesse de trabalhar uma obra da incontornável poeta e escritora açoriana, juntaram-se ainda temas atuais que a peça podia tratar. “O traço geral do conto aborda a destruição da terra e do combate dos humanos para dizimar essa destruição. E isso está um pouco na ordem do dia, nomeadamente com a discussão em torno das alterações climáticas, de toda a emergência climática e do futuro dos sistemas de sustentabilidade”, sublinha José Maria Dias.
Humor e desenho musical marcam dramaturgia
“Barbo: Salvar Gaia Rumo a Yod”, que conta com interpretação de Ana Guerreiro, Bruno Gomes, Carlos Rocha, Clara Passarinho, Fábio Nóbrega Vaz, Graziela Dias, João Miguel Mota, Patrícia Paixão e Sara Túbio Costa, e música de João Miguel Mota, apesar da profundidade da narrativa distópica e da seriedade dos temas, apresenta alguns momentos leves e de boa disposição.
“Existem alguns momentos e tiradas mais de uma comédia jocosa, bem-disposta, mas também com algum humor negro. Apesar de não ser um musical, temos também a música, que ajuda na dramaturgia do trabalho”, adianta o encenador.
A linguagem e os elementos cénicos procuram uma mistura entre os estilos futuristas e menos contemporâneos, não esquecendo os próprios métodos de trabalho da companhia. “O Fontenova tem uma linha que não é muito marcada a nível estético, procuramos abranger vários estilos e também adaptarmo-nos ao texto que nos entregam. Neste trabalho existe aqui uma mistura entre elementos mais futuristas e outros mais retro. É um pouco também uma paródia aos filmes de ficção científica”, acrescenta José Maria Dias.