Os dirigentes sadinos têm a confirmação de que negociações com os credores do clube chegarão a bom porto e que uma resolução positiva está perto de ser alcançada. Quanto à SAD a situação é bem mais delicada.
Foi com grande expectativa que os associados do Vitória FC se dirigiram ao Pavilhão Antoine Velge para participarem na Assembleia Geral Extraordinária (AG) que teve como ponto único, tal como referido na convocatória, a “não aprovação do Plano Especial de Revitalização (PER) e Inscrição da Equipa de Futebol da VFC SAD, na Liga 3 – Esclarecimentos e definição das medidas a tomar”.
Sem surpresa, foram muitos os sócios que quiseram participaram na reunião magna sadina que, de acordo com informações a que o Semmais teve acesso, reuniu perto de 700 pessoas . Na referida assembleia, seguramente uma das mais participadas na história recente do emblema setubalense, temia-se, de acordo com alguns fóruns sadinos, uma discussão sobre a extinção do Vitória FC, tal como o conhecemos.
Segundo informações que o nosso jornal conseguiu apurar, essas dúvidas foram dissipadas por Carlos Silva, presidente da direção, pouco depois da reunião ter arrancado, tendo o dirigente garantido que o novo PER do clube será mesmo viabilizado pelos credores, logo a existência do Vitória FC não estará ameaçado. A informação foi divulgada por David Leonardo, presidente da mesa da assembleia geral dos sadinos.
“Temos a segurança de que isso será alcançado. Costuma-se dizer que ‘até ao lavar dos cestos é vindima’, mas estamos extremamente convencidos de que vai haver essa aprovação. Tivemos esse feedback por parte dos credores e o rumo das negociações indicam que será aprovado”, reiterou David Leonardo, presidente da mesa da assembleia geral dos sadinos, ao Semmais. Em cima da mesa ficará ainda, segundo conseguirmos apurar, um perdão significativo da dívida que poderá chegar aos 90%.
Quanto à Sociedade Anónima Desportiva (SAD), que representa, por exemplo, os sadinos nas competições seniores de futebol, a situação é bem mais delicada e, apesar dos esforços da administração, o futuro desta é quase inviável. “As negociações em relação ao PER para a SAD ainda estão em curso e estamos a falar de contornos bem mais exigentes, não só para aprová-lo, mas também para executá-lo. A observância do próprio é extremamente mais difícil do que o clube. Estamos a falar de valores diferentes e a própria SAD é totalmente do nosso investidor, não tem uma receita palpável, como tem o clube com a cotação. A SAD não tem receitas, não temos transmissões televisivas, por exemplo, as que existem não são pagas. As receitas com os custos que a SAD têm são absolutamente insignificantes”, acrescentou David Leonardo.
Os processos do clube e SAD vão ser decididos, definitivamente, pelos credores nas assembleias marcadas para 24 e 25 deste mês, ficando aí os sadinos a perceber o que é que foi possível salvar.
Ainda há esperança de jogar a Liga 3
Antes da decisão dos credores, no dia 20 sai a lista definitiva da Federação Portuguesa de Futebol sobre os clubes que receberam licenciamento para jogar a Liga 3 e no Campeonato de Portugal. O Vitória FC aguarda o recurso que apresentou à entidade, após o chumbo inicial, e espera receber autorização para jogar a Liga 3, isto caso a SAD não seja liquidada pelos credores.
No que toca a este processo, a reunião magna sadina serviu ainda para Carlos Silva, ao que o Semmais apurou, reiterar que o Vitória FC entregou a documentação relevante e que reúne as condições para jogar a referida competição. “O Vitória não emitiu uma declaração, emitiu duas à Segurança Social (SS). Uma em que se lê que ‘à data da emissão da presente declaração (10 de maio de 2024) não existem em dívida valores de contribuição e juros de mora relativos a valores posteriores a dezembro de 2018, dado que os mesmos se encontram regularizados e outra, datada de 7 de maio, que atesta que o Vitória, clube e SAD, encontra-se a proceder de forma regular ao pagamento das contribuições mensais à SS nos últimos 24 meses”, avançou o dirigente no início desta semana ao Record, argumento que terá sido novamente utilizado na AG.
A decisão está nas mãos do Conselho de Justiça da FPF, mas o presidente do Vitória FC, tal como tinha já feito ao referido jornal desportivo, aproveitou também na AG sadina para voltar a apontar aquilo que considera ser uma estratégia “extra-campo” para prejudica o emblema setubalense e beneficiar o União de Santarém, que está na eminência de subir à Liga 3 caso os sadinos não consigam o mesmo licenciamento. De acordo com Carlos Silva, a equipa de Santarém beneficiária de uma alegada relação próxima com Rui Manhoso, atual diretor da FPF e antigo dirigente dos escalabitanos, recentemente homenageado por esse emblema.
O Semmais sabe ainda que Hugo Pinto, detentor da maioria do capital da SAD, esteve presente na AG, reiterando aos associados a sua dedicação e entrega ao projeto que tem para o Vitória FC e a SAD, trabalhando ativo, junto com a administração restante, na resolução destes problemas. De referir que existiam rumores de que o empresário estaria afastado do emblema há algum tempo e até mesmo ausente do país e que os sadinos procuravam, inclusive, já um novo investidor.