Mostra com cerca de 50 peças, a maioria pinturas, demonstra uma fase de grande expressividade e riqueza colorida do artista almadense.
A Galeria de Exposições Augusto Cabrita, no Seixal, tem patente, até 20 de julho, a exposição “LibertAr-te”, do artista natural da Caparica, Ivan Nascimento, que dá continuidade ao anterior projeto “DesconfinAr-te”, nascido durante a pandemia, agora inspirado nos 50 do 25 de Abril.
“Há medida que a quarentena foi passando, fui tendo espaço para desenvolver esta nova ideia. Fui pegando no que tinha lá por casa e comecei a construir. Falei com alguns amigos, porque toda a gente se queixava que não estava bem, que estavam fartos de estar em casa, e tentei passar isso para as telas. Depois acabaram-se as telas e comecei a criar com restos de madeira. O projeto desenvolveu-se até chegar a esta temática dos 50 anos de Abril. Aproveitei a questão de nos estarmos a libertar da pandemia e relacionei com a liberdade que o 25 de Abril deu. Estes trabalhos, por exemplo, tem a questão dos cravos muito vincada, reavivando a luta dos portugueses há 50 anos”, começa por explicar o artista em conversa com o Semmais.
Composta por cerca de 50 peças, a maioria pinturas, a mostra pretende demonstrar simbolismo, expressividade e cor. “Este é definitivamente o projeto mais colorido que eu tenho. É uma expressividade também a convidar à abertura das mentalidades, para respeitar as diferentes culturas e pessoas. Sobretudo queria dar muita expressão, porque, na altura da pandemia, as pessoas ficaram sem expressão, quase sem viver, e o uso da cor e das expressões vincadas e exageradas, são precisamente para criar essa sensação nas pessoas, fazê-las viver o que passaram e fazê-las refletir sobre aquilo que os outros poderão ter passado”, refere Ivan Nascimento.
Escultura entra no registo do artista
A esta exposição junta-se um novo desafio autoproposto, que é a dimensão da escultura. “Eu não fazia muito, mas apresentei o desafio ao Rui Brito, que promove esta exposição, e decidi criar umas esculturas, pegando naquilo que tem sido feito para este projeto. A intenção é perceber como é que este material é acolhido pelo público. Para não termos apenas a dimensão da pintura, coloquei peças que possam dar uma perspetiva tridimensional”, revela.
Apesar da sua juventude, o artista tem já um extenso currículo com diversas exposições, projetos e prémios em vários concursos, nas mais diversas áreas, como a pintura, fotografia, arte digital e design. “Posso dizer que o desenho esteve praticamente presente em toda a minha vida. Desde miúdo que sempre tive muito interesse pelo desenho, tudo o que o meu pai desenhava eu tentava copiar. E esse gosto foi aumentando com o tempo, portanto foi quase natural que dedicasse a minha vida académica às artes, primeiro no secundário e depois na licenciatura em Promoção Artística e Património”, conta.