6ª edição do Encontro da Canção de Protesto arranca hoje em Grândola

Entre os convidados estão nomes como Francisco Fanhais, Manuel Freire, Rogério Cardoso Pires, Marco Oliveira e Xullaji.

Grândola acolhe entre esta sexta-feira e domingo, a 6.ª edição do Encontro da Canção de Protesto, um certame que contempla um conjunto de atividades em vários pontos da vila, integradas nas celebrações dos os 50 anos do 25 de Abril.

Sob o tema “Ante as ditaduras de ontem e a democracia de hoje”, a iniciativa integra exposições, sessões testemunhais, cinema, apresentações de livros e concertos. “Diria que a escolha do tema para este ano foi talvez a mais fácil de todas as edições, mas era incontornável não abordarmos os 50 anos do 25 de Abril. O desafio que se colocou foi pegar nesse tema e tentar ter uma maior representatividade geracional e, por outro, ter uma maior diversidade de géneros, sem querermos centrar muito na música popular, daí a entrada do rap, do fado e do rock” no cartaz, explica ao Semmais, José Abreu, representante da câmara de Grândola no Observatório da Canção de Protesto.

Nesse âmbito, surgem na programação nomes mais associados à canção de protesto dos tempos de contestação a Salazar, Marcello Caetano e à guerra colonial, como Francisco Fanhais, Manuel Freire e Rogério Cardoso Pires, todos contemporâneos e próximos de José Afonso, a que se juntam jovens como o fadista Marco Oliveira, o rapper Xullaji, Luís Varotojo com os Luta Livre e o trio galego Sés.

Simultaneamente, durante os três dias destacam-se ainda uma sessão testemunhal com Domingos Morais, Mário Correia, Manuel Rocha, Maria José Campos e Sara Maia, sob o tema “Usos tradicionais da reconfiguração da música popular portuguesa”; a inauguração de exposições como “Emigração, Exílio e Canção de Protesto”; “Discos na Luta: Edições cooperativas e políticas da canção de protesto no período revolucionário”; e a apresentação do livro “José Afonso, Semeador de Palavras”.

Estas atividades refletem, também, o trabalho diário promovido pelo Observatório da Canção de Protesto, fundado há quase uma década e localizado em Grândola. “Este projeto nasceu de uma parceria entre a câmara, a Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense e a Associação José Afonso, depois juntaram três institutos da Universidade Nova de Lisboa, dedicados ao estudo da música em contexto etnográfico, histórico e estético. O nosso trabalho tem-se centrado na observação e promoção não apenas de autores e práticas que se destacaram em períodos ditatoriais, mas também em olhar para o futuro e para os novos autores e as novas utilizações da canção enquanto veículo de denúncia”, refere José Abreu.