Nova aplicação da Carris Metropolitana ‘pressiona’ operadores a cumprir horários

A Carris arrancou na passada quinta-feira com uma nova aplicação sobre horários e lotação dos autocarros em tempo real, numa altura em que as operações na margem sul têm vindo sempre a crescer.

Saber horários atrasos e lotação dos autocarros da Carris Metropolitana em tempo real ficou mais fácil a partir de ontem, com a entrada em funcionamento de uma nova aplicação que é também uma forma de ‘pressionar’ os operadores a cumprir os serviços desde a origem ao destino.

A aplicação, apresentada na passada quinta-feira em conferência de imprensa, é considerada pela administração da Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML) como uma ferramenta tecnológica “fundamental” nesta fase de crescimento da empresa, que só este ano prevê chegar a mais de 165 milhões de passageiros. “Não se trata de um planeador de viagens, mas permite saber se um autocarro está atrasado e qual a lotação, melhorando a gestão de tempo dos clientes”, explicou Faustino Gomes, presidente da TML.

Segundo Rui Lopo, vogal da administração, é também uma forma de “dar confiança aos passageiros” e colocar maior pressão sobre os operadores para cumprir horários. O responsável diz ainda que a nova aplicação vai permitir ainda uma pesquisa por paragem e por linha, podendo ser colocados alertas e avisos personalizados.

Rui Lopo lembrou ainda que a marca opera em 15 dos 18 concelhos da Área Metropolitana de Lisboa, exceto Lisboa, Cascais e Barreiro, sendo que este serviço já chega a Vendas Novas. “Por dia circulam 1.700 autocarros, conduzidos por três mil motoristas, que transportam 620 mil passageiros por dia, tendo chegado a 650 mil em pico”, afirmou aos jornalistas.

Com 730 linhas e 12.500 paragens, cujos painéis de informação serão também reforçados, a administração da TML prevê para o final deste ano um aumento de procura na ordem dos 20%. Daí, ser expetável, explica Rui Lopo, “chegar aos 165 milhões de passageiros até dezembro”, contra os 141 milhões de 2023.

Uma das áreas da AML que mais tem crescido é a chamada “Zona 4”, que compreende os concelhos de Alcochete, Moita, Montijo, Setúbal e Palmela, tendo este último registado um dos “aumentos mais significativos, superior a 30%.”, sublinhou o vogal da administração da TML.

Considerando que nem todos os problemas estão resolvidos, Rui Lopo confessou não haver, de momento, problemas de mão-de-obra nem de número de autocarros. Posição corroborada ao Semmais por Carlos Humberto, secretário Executivo da AML, frisando que “já começam a aparecer candidaturas para motoristas portugueses, depois de um período em que foi necessário recrutar no Brasil e em Cabo Verde”.

Carlos Humberto afirmou que a empresa não prevê qualquer necessidade de reforço de meios por parte das autarquias.

Recorde-se que do montante global de cerca de 200 milhões, os quinze municípios financiam um total de 43 milhões, com as receitas das operações, venda de passes e bilhética, a valerem cerca de 60%.