Exposição assinala os 30 anos da primeira coleção de rap português e associa-se ainda às comemorações dos 50 anos do 25 de abril.
O surgimento e a popularização do rap e hip hop português vão ser retratados no Museu de Almada – Casa da Cidade, a partir deste sábado, numa mostra que, intitulada “Filhos do Meio, Hip Hop à Margem”, foi motivada pelos 30 anos da coletânea RAPublica.
“No concelho de Almada, e um pouco pelos outros concelhos aqui à volta, surgiram características certas, no final dos anos 80 início dos anos 90, para se juntarem pessoas de diferentes proveniências, muitos afrodescendentes, que fizeram um caldeiexplicar ao Semmais Daniel Freitas, um dos responsáveis pela curadoria da exposição.rão cultural propício ao aparecimento da cultura hip hop, através de elementos como a música, o próprio graffiti, o rap e o breakdance. Isto tudo sob uma forte, talvez mesmo completa, influência americana”, começa por explicar ao Semmais Daniel Freitas, um dos responsáveis pela curadoria da exposição.
A montra resulta de um profundo levantamento sobre este movimento cultural por parte de uma equipa que, além de Daniel Freitas, integra Rui Miguel Abreu, Daniel Freitas, Francisco Freitas e Rui Farinha. “Pouco ou nada disto estava documentado. Nunca houve a preocupação de documentação dos intervenientes do movimento ao longo destes 30 anos que passaram. Tivemos de fazer um extenso trabalho de recolha, pesquisa e aprimoramento de conteúdos para conseguirmos construir esta exposição”, revela a mesma fonte.
Segundo Daniel Freitas, podemos encontrar em exibição vários tipos de materiais associados ao hip hop nacional, como fotografias, vídeos, elementos escritos e ainda equipamentos utilizados na produção dos primeiros trabalhos musicais.
A exposição associa-se ainda aos 50 anos de 25 de Abril, demonstrando como a revolução foi importante para o aparecimento deste movimento cultural. “O mote da liberdade, seja individual ou coletiva, foi um dos principais fatores que o 25 de Abril nos trouxe. Depois tornou-se decisivo para que a cultura se expandisse, em especial aqui que é uma zona com muitas diversidades sociais, com forte pendor contestatário e muito politizada. Tudo isto permitiu a manifestação individual das pessoas”, sublinha Daniel Freitas.
Esta mostra, completada com conversas e workshops, será ainda acompanhada pelo lançamento de um livro que, segundo a mesma fonte, deverá ocorrer no próximo mês, e de um documentário, realizado por Luís Almeida, que deverá acontecer no início do próximo ano.