Presidente da câmara garante que proposta mantém objetivos de travar a especulação imobiliária e o crescimento “desenfreado” de empreendimentos turísticos. Autarca saúda ainda contributos para a proposta e revela que a mesma não está fechada.
O concelho de Grândola de Grândola está mergulhado num autêntico pé de guerra devido à revisão do Plano Diretor Municipal (PDM). Em causa está a proposta de revisão do documento que, construída pelo município, esteve em período de consulta pública até à semana passada semana e levantou duras críticas devido à procura imobiliária e turística que se mantém naquele território.
António Figueira Mendes, presidente da autarquia grandolense, em conversa com o Semmais, desvaloriza as críticas e volta a defender a proposta apresentada pelo executivo que lidera. “Na nossa opinião, aquilo que apresentámos vai ao encontro do nosso objetivo, desde que suspendemos o PDM em 2021, que é enfrentar a especulação imobiliária e o crescimento desenfreado dos empreendimentos turísticos no nosso concelho. Acredito que esta revisão deixará o nosso território e a nossa população mais salvaguardada e teremos um futuro mais sustentável”, atesta o edil.
Tal como tinha revelado ao nosso jornal em setembro, o autarca voltou a sublinhar que a revisão do PDM permitirá “reduzir significativamente” o número de camas turísticas previstas, na ordem dos 40 por cento, bem como libertar “a pressão urbanística que se faz sentir em diversas áreas do concelho, nomeadamente no Litoral, mais concretamente em Melides, Carvalhal, e em parte das freguesias de Grândola e Santa Margarida da Serra”, fazendo convergir novos projetos para o interior e de forma mais controlada.
Críticos apontam “consolidação da intensidade”
Contudo, a proposta não é de todo consensual e os críticis falam inclusivamente em “consolidação da intensidade turística” no concelho. “Encaramos esta proposta com bastante preocupação. A suspensão do PDM era a oportunidade de se rever muita coisa, mas aquilo que verificamos é que as nossas expetativas não foram de forma alguma atingidas”, aponta Luís Dias, da associação Proteger Grândola, em declarações ao Semmais.
Segundo o mesmo representante, ao contrário do que foi anunciado pela autarquia, “não existe redução do número de câmaras turísticas”, verificando-se, por exemplo “um aumento de intensidade turística” que poderá abrir caminho à “consolidação até 30 mil camas turísticas”. “Há uma necessidade, ou vontade, de acomodar tudo aquilo que apareceu e que está ainda em análise e outras que podem vir aparecer”, reitera Luís Dias.
Para o autarca algumas considerações, em especial sobre a consolidação da oferta turística são injustas. “Nós não podemos alterar coisas que estão contratualizadas desde 2010. Esses investimentos estão salvaguardados e aprovados e a câmara não se pode atravessar para os travar. As pessoas têm ainda de perceber que houve, nos últimos anos, uma procura repentina pelo nosso concelho, que tivemos dificuldades em travar. Só para terem uma ideia em 2020 foram apresentados 14 pedidos em 2022 já tivemos 168”, refere Figueira Mendes.
O autarca saúda, no entanto, a participação de toda a população nesta revisão do PDM e revela que a proposta está a ser revista e não está fechada. “Recebemos sem qualquer problema as sugestões dos cidadãos, existem inclusivamente contributos que recebemos por escrito e que os serviços estão a analisar. Ainda é cedo para dizer o que quer que seja, mas a nossa intenção era encerrar este processo em novembro” explica o presidente.