André Martins diz que oposição tem “conjugado esforços para impor cortes na receita”. Vereadores do PS e do PSD falam em ausência de projetos estruturantes que justifiquem a situação.
O presidente da câmara de Setúbal, André Martins, responsabilizou a oposição pelas dificuldades financeiras do município e admitiu que a autarquia recorreu a uma garantia bancária da concessão dos Serviços Municipalizados para pagamento de faturas em atraso.
“Não fossem os 12,5 milhões de euros que recebemos da garantia bancária da concessão das águas [Serviços Municipalizados de Setúbal], dinheiro que destinámos na totalidade ao pagamento de faturas em atraso, e hoje a câmara estaria numa situação financeira insustentável”, disse o autarca (CDU) na sessão extraordinária da Assembleia Municipal sobre o estado do município, realizada a 31 de outubro.
“O que tem sido mais estranho é que os partidos da oposição, na câmara e na assembleia, mesmo conhecedores desde o início do mandato desta situação financeira, tenham conjugado esforços para impor cortes nas receitas do município”, acrescentou o autarca, salientando que, no final do atual mandato, esses cortes de receitas significam “menos 20 milhões para investir na qualidade de vida e bem estar das populações do concelho”.
PS e PSD falam em falta de projetos estruturantes
Para Fernando José, vereador do Partido Socialista, as dificuldades financeiras resultam da gestão há mais de duas décadas da CDU. “Estão a fazer mais do mesmo, a atirar para cima dos outros responsabilidades que são apenas suas. Apenas entre 2017 a 2021, a dívida total da câmara aumentou de 50 milhões para 55 milhões. A redução de receitas como o IMI, por exemplo, já se deu depois disto e não teve o impacto que André Martins quer dar, pois a situação já era penosa”, refere ao Semmais.
Fernando Negrão, do PSD, também tece críticas à forma como as contas têm sido geridas: “Setúbal tem um problema estrutural nas contas que radica no facto de aumentar a despesa e não promover o crescimento económico. Setúbal esteve uma década sem construir habitação, tendo por consequência a fuga de quadros para outras paragens. Setúbal não promove nacional e internacionalmente as suas potencialidades na indústria e no turismo”.
Ambos os vereadores criticam o que consideram ser a falta de estratégia e rumo da gestão CDU. “Está claramente em fim de ciclo e parece que deitaram a toalha ao chão. Que projetos é que foram concretizados neste mandato? Praticamente todas as infraestruturas que utilizamos em Setúbal, como piscinas, espaços verdes e habitação pública, foram construídas pelo PS. Que obra é que a CDU deixa?”, diz Fernando José. “A câmara tem governado o concelho sem políticas que definam um caminho, são três anos de ausência de projetos e a trabalhar exclusivamente para juntar verbas para investir no ano anterior às eleições”, acusa Fernando Negrão.
As críticas sobem de tom sobre e nem a ex presidente, escapa. “Durante anos a CDU, em especial com Dores Meira, teve mãos livres para fazer os investimentos e intervenções que pretendia, foi uma gestão errática. A câmara, por exemplo, no último mandato, comprou o IMAPARK e o Praça de Touros, todos pagámos e são imóveis que estão ao abandono”, refere Fernando José. Fernando Negrão vai mais além e recorda os tempos que o PS também governou o concelho: “Sem uma aposta séria na economia e tendo como única preocupação ganhar eleições, Setúbal nunca terá as contas equilibradas. Só recordar que o PS e a ex PCP Meira já foram responsáveis pela gestão do concelho e os resultados foram sempre desastrosos.”, conclui.