Reunião magna tem sete pontos de trabalho. Dois são polémicos, nomeadamente a apresentação do projeto imobiliário para os terrenos junto ao Bonfim e a alienação desse património.
O Vitória FC enfrenta esta noite aquela que é considerada, pela esmagadora maioria dos sócios, a Assembleia Geral (AG) da sobrevivência, menos de um mês depois de ter visto o novo Plano de Recuperação (PIRE) ser aprovado pelos credores, um processo que terá ainda de ser homologado em tribunal.
A reunião magna tem acalentado discussões no fóruns vitorianos face aos sete pontos de trabalho, principalmente os que dizem respeito à apresentação e discussão do projeto imobiliário para os terrenos do Bonfim e à alienação desse património. “Esta é a única solução que o Vitória tem para se salvar. Se não houver alienação, então alguém que avance com outras soluções que nós estamos disponíveis até para colocar o lugar à disposição, mas é preciso aparecer uma solução viável e sólida. Queremos ajudar o Vitória. O que procuramos é que exista uma solução que permita pagar o PIRE, é isso que apresentamos aos sócios e que vai ser aprofundada na AG”, revelou Carlos Silva após a sessão de esclarecimentos realizada segunda-feira no Bonfim.
Esta solução a que se refere o dirigente sadino, ao que o Semmais apurou, foi superficialmente revelada aos sócios na referida sessão. Trata-se de uma proposta de um fundo financeiro, do qual não se sabem detalhes, para compra dos topos do Estádio por 25 milhões para erguer um projeto imobiliário com oito torres habitacionais e espaço para exploração comercial.
O valor, segundo a direção, seria suficiente para pagar o PIRE, que tem prestações mensais superiores a 86 mil euros até ao quarto ano, altura em que passa para 172 mil, regressando no ano seguinte ao montante inicial e, depois, a valores variáveis até ao fim do plano estabelecido a dez anos. Serviria ainda para pagar a intervenção nas bancadas centrais, a cargo do Vitória.
Esta solução sucede a uma outra que foi revelada na última AG e que era liderada por Markus Gloel, empresário sediado em Inglaterra. Ao que o Semmais apurou esta opção não avançou porque o mesmo não quis, alegadamente, pagar a Hugo Pinto, detentor da SAD, uma compensação financeira pelo investimento feito nos sadinos, pormenor que, ao que parece, foi acertado com o novo comprador.
A complexidade dos assuntos que vão ser discutidos e deliberados na AG desta noite, que é cumulativamente ordinária e extraordinária, tem subido de tom, também, devido ao extenso plano de trabalhos, levando os movimentos “Pró Vitória” e “Vitória Sempre” a questionar a legalidade e as alegadas “intenções” da mesa e da direção em “vender o património do clube”.
David Leonardo, presidente da Mesa da AG, defende a convocatória e fala em “ruído” e “ataques”. “Com o devido respeito que os sócios merecem, parece-me existir uma agenda de pessoas com intenções de criar algum ruído. A larga maioria dos associados compreende o que está a ser discutido, mas há uma minoria ruidosa que representa questões que visam o conflito. Eu como jurista mantenho tudo o que escrevi e disse. São acusações infundadas e injustas.”, destaca o dirigente.