“Damaged” assinala estreia de Inês Tavares nas artes expositivas

Nem sempre um rosto feminino tem de ser perfeito e estar a sorrir para o mundo. Em cada um há um ‘rosto danificado’. Esta é a mensagem da primeira exposição de desenhos a carvão da jovem artista.

Começou a transmitir o que observava nos rostos femininos através de desenhos a carvão aos 15 anos, mas apenas aos 29 decidiu compartilhar com o público a sua arte numa exposição que, intitulada “Damaged”, pode ver vista no Karavela Architecture Studio, na Praça de Portugal, em Setúbal, até ao final de janeiro.

Composta por 28 trabalhos, a mostra apresenta faces com marcas de sofrimento, angústia e tristeza com “uma grande carga emocional”, ou, como Inês Tavares prefere chamar, “rostos danificados”. “São mulheres jovens que surgem no papel a chorar, sem sorrisos e com expressões muito sérias. O rosto feminino é sempre visto como esbelto e tem de estar sempre perfeito para o mundo. mas, nesta exposição, angústia e sofrimento das mulheres saltam cá para fora”, explica ao Semmais.

Esta coleção representa, assim, o oposto, ou seja, quando “não nos sentimos perfeitos”, pois, confessa a autora, sempre sentimos “um fascínio num rosto danificado, temos todos um rosto danificado” ao longo da vida. “Devido a alguns traumas, a mulher “nem sempre se sente perfeita”, acrescenta.

Durante 14 anos Inês Tavares nunca parou de desenhar e, por isso, as suas gavetas guardam centenas de obras. Cerca de três bolsas estão agora em exibição, em resposta ao desafio de um amigo dono de gabinete de arquitetura. “O Paulo Rosinha também é um amante da arte e deu-me a oportunidade de dar a conhecer aqui os meus trabalhos e, assim, alugar melhor o seu espaço, o que me deixa muito feliz”, explica.

Apaixonada pelo mundo das artes, em especial como performativas, como a representação e a música, mas, também, um visual. “Tenho guardou mais estilos de pintura, nomeadamente silhuetas e personagens de alguns filmes a tinta da china, que irei apresentar em breve nas minhas próximas exposições”, adianta.

Ingressou na Escola de Teatro, em Lisboa, onde estudou durante três anos, e cumpriu um estágio no Teatro Animação de Setúbal, em 2022, tendo feito parte do elenco da peça “As Alegres Comadres de Windsor”, de William Shakespeare, entre outros pequenos apontamentos de teatro na Feira de Sant´Iago.

Já Paulo Rosinha, formado em arquitetura, gere o seu espaço de elaboração de projetos de arquitetura, por conta própria, desde setembro de 2024. Como tinha uma pequena sala desocupada, conheceu Inês Tavares para ali expor as suas obras. “Achei que essa exposição poderia ser benéfica para ambos. Por um lado, aluga melhor um espaço que não estava a ser usado e, por outro, está a ajudar a minha amiga a realizar a sua primeira exposição. Ela gostou muito e aceita”, revela, acrescentando que a Inês tem uma coleção de desenhos “espetacular” e “muito jeito”.