FATAL como o destino. O INE manteve o seu hábito de sempre e divulgou, no final de setembro, os números do turismo, por município, referentes a 2018. Fica a pergunta: o que são, então, esses resultados?
Esses resultados são números que olham para a realidade. Que a procuram tocar. E, num momento de arrogância, acham mesmo que a podem interpretar. Mas a realidade será sempre distante e, no entanto, próxima ao mesmo tempo.
Depois da ressalva. Depois do aviso sobre os limites de qualquer interpretação vale a pena, mesmo assim, refletir por um momento sobre os tais resultados. Em particular os resultados da procura turística. Os tais dos turistas sem os quais simplesmente não haveria turismo. Ou mais precisamente o número de dormidas por eles registadas (nos hotéis, no turismo no espaço rural e no alojamento local).
Estes resultados são, por município, os mais recentes e os mais atuais de que dispomos. Quais são, então?
O turismo correu bem no país que cresceu 3,5%. E também na Região de Lisboa (AML) a crescer 4,9%, portanto acima do país, e a ganhar quota de mercado. Percentagens sempre em relação a 2017 já de si um bom ano para o setor. Evidentemente estamos longe da euforia e dos crescimentos a dois dígitos a que assistimos até 2017. Crescer sempre e muito é uma impossibilidade como 2018 acabou por confirmar.
Vamos ao que interessa. E, então, como correram as coisas na nossa Região?
Para começo de conversa (ou de resposta) correram bem. A Península de Setúbal (9 municípios entre o Tejo e o Sado) registou 1.260.000 dormidas no alojamento turístico, número nunca verificado desde que temos estatísticas de turismo, e um crescimento de 8% em relação a 2017 (maior do que os crescimentos de Portugal e da AML como um todo).
E quando olhamos de perto, o que é que constatamos?
Constatamos que a nossa Região tem dois grandes municípios turísticos: Almada com 440.000 dormidas de turistas e Setúbal com 330.000. Logo a seguir Sesimbra com 190.000 e o Montijo com 130.000. Depois Palmela (95.000), Seixal (40.000), Alcochete (25.000) e o Barreiro (10.000). 2018 foi assim um ano muito positivo (não há outra maneira de o dizer) para o turismo na Região. O comentário e a análise mais cuidada e mais “fina” destes resultados ficam prometidas para uma próxima crónica. Até porque convém, num primeiro momento, olhar para os números apenas “como eles são”, sem adornos nem tentativas de provar o que quer que seja, ou confirmar qualquer ideia feita. Além do mais se temos um INE que tanto custa ao orçamento do país vamos, já agora, usá-lo e refletir a partir do que ele nos diz. Bem vistas as coisas (os números neste caso) ficamos todos, na Região, com uma certeza: hoje, no que diz respeito ao turismo, mais portas estão abertas; menos estão fechadas; e algumas mantêm-se, ainda assim, apenas entreabertas.
Abrir todas as portas e explorar todas as possibilidades constitui assim a síntese do caderno de encargos do turismo para os próximos anos.
Jorge Humberto
Colaborador