VOLTOU esta semana à tona um projeto que oferece um usufruto condizente à tão malfadada zona de Vale da Rosa, em Setúbal. Não sei se é uma grande notícia, por ser apenas uma intenção de investimento, embora agora protocolada, mas gera grandes expetativas.
Nesta curta análise, não interessa muito o projeto em si. Fala-se de uma “Cidade do Conhecimento”, pressupostamente alavancada por um robusto investimento que pode chegar aos 800 milhões de euros, num misto de valências que a cidade sadina e a região precisam.
Interessa, a meu ver, outra razão substantiva: O que fazer com a zona oriental de Setúbal, o único escape urbano que a cidade tem para crescer, tendo em conta o ‘bom’ afunilamento das áreas protegidas, a Arrábida e o Estuário do Sado. A ideia parece nascida dos céus, porque é mesmo o que encaixa naquela área, carregada de potencialidades e tão abandonada nas últimas décadas, desde que foi empreendido o projeto malsucedido, para não dizer fracassado, da Pluripar SGPS, que contemplava, como se sabe, a deslocalização do atual estádio do Bonfim.
Se for verdade a vontade do investidor em dar corpo a esta ideia, e se as forças políticas conseguirem entender que vale a pena lutar pela requalificação desta grande nova cidade, não tenho dúvidas de que será um projeto âncora decisivo para voltar a dar, inclusive, uma nova centralidade a Setúbal, como capital do distrito. O problema é vislumbrar se se aprendeu com os erros desse passado não muito distante, e procurar envolver todos os que serão chamados ao processo, da administração central, às forças políticas que gerem e fazem oposição no concelho, aos ambientalistas e às populações.
Só assim se eliminarão os ruídos que, quase sempre, inquinam estes investimentos e atrasam o desenvolvimento. Reclama-se investimento e dificulta-se a sua concretização. É um karma que não desata e uma espécie de masoquismo que não encontra paralelo em qualquer outra região do país.
Vamos ver…
Raul Tavares
Diretor