2020 começou. Mais um ano. Um ano que, mais uma vez, queremos mesmo novo. Apesar do começo, por via do coronavírus, não ser o mais animador possível. Vamos ver e (nada como um velho cliché) as previsões fazem-se no fim.
Estamos assim perante mais um ano de turismo. E o que é que nos dizem então os indicadores desse ano?
Em primeiro lugar um bom ano turístico. Para além de qualquer dúvida. Apesar, e porque a memória não deve ser curta, de termos iniciado o ano (2019) com mais dúvidas do que certezas. 2019 acabou, afinal, por ser um bom ano turístico.
Desde logo para Portugal que registou 69.8 milhões de dormidas (58,8 em 2016) e 27 milhões de turistas. Valor (mais uma vez) nunca antes atingido.
Depois, um excelente ano turístico para a Região de Lisboa (coincidente com os 18 municípios da Área Metropolitana de Lisboa). Região que registou 18,4 milhões de dormidas e 8,1 milhões de turistas. A Região de Lisboa foi a primeira região do país em número de turistas, em número de turistas estrangeiros, em proveitos globais e em taxa de ocupação quarto. A Região de Lisboa “vale” hoje 26% do turismo em Portugal.
Sendo assim, um ano depois, o que é que mudou?
Mudou o peso da Região no país. Bastante maior por sinal. E mudou o perfil. A região é hoje bastante mais internacional com os turistas estrangeiros a baterem sucessivos máximos históricos. Acrescem novas rotas aéreas e um cada vez maior interesse por parte dos media internacionais, o que ajuda também a explicar o ano turístico. Analisando apenas as TV´s, jornais e bloggers internacionais que visitaram a Região, em 2019, 14 meios de comunicação visitaram Setúbal, 12 Sesimbra, 12 Palmela, 7 Almada e 7 Alcochete. O interesse é mais do que evidente. O conjunto de opiniões escritas e filmadas constituem uma visão de claro interesse pela Região.
Porquê então esta insistência nos números? Porque “só o que se pode medir pode melhorar”. O que não se pode medir (falando de atividade económica, claro) é apenas avaliado em termos da opinião individual de cada um. Uns gostam, outros não.
Por isso, e em particular num país como o nosso, medir e avaliar é decisivo. E, infelizmente, mesmo chegados a 2020, tão pouco é realmente avaliado.
Porém no turismo para além dos números existe um “mundo” de realidades. Realidades que, de tantas vezes repetidas, arriscam deixar de significar o que quer que seja.
Uma das mais relevantes é a adequação dos sítios, dos locais e das cidades para receber quem nos visita. O contrário de simplesmente estar à espera de quem chegue. Numa ideia, o propósito de ativamente “convidar” quem chega a “visitar mais”, a “ficar mais tempo”, a “descobrir o tanto que há a descobrir” a “encontrar-se e a perder-se em tudo o que somos”. Este é (quem sabe?) o verdadeiro desafio do turismo: tornar cada território, cada espaço, um local com uma atmosfera única.
Por último este é um ano que começa com novos desafios. Na realidade mais ameaças do que desafios. O coronavírus fez “nascer” um enorme ponto de interrogação relativamente ao turismo de 2020. Evidentemente que as interrogações são tanto maiores quanto maior for o alarmismo. Mas não esqueçamos duas coisas simples.
A primeira a resiliência dos nossos empresários e dos nossos trabalhadores do setor do turismo que já viveram, e superaram, crises bastante graves.
A segunda a nossa geografia (estar no ponto mais ocidental da Europa frequentemente é uma vantagem) e a perceção internacional bastante positiva sobre a segurança no nosso país.
TURISMO SEMMAIS
Jorge Humberto
Colaborador