A pandemia e os caminhos que está a colocar-nos pela frente, está, em muitos casos, a fazer crescer uma espécie de confinamento mental, que não só provoca entropia de ideias, como também faz nascer sentimentos que nos deixam com a barriga às voltas.
A maior parte de nós está verdadeiramente a levar a sério a crise, e preocupado com as ‘manhas’ do vírus, que metaforicamente se vai rindo de nós, sobretudo da nossa impreparação para o combater nesta guerra que parece estar para durar.
Agora, neste frenesim, onde não há lugar ao sossego, apesar de aparentemente, o isolamento fazer renascer um pouco mais o sentido da família, ainda há quem desdenhe da impacto da Covid nas nossas vidas.
Não são poucos, infelizmente, a deixarem-se expostos à luz da virulência que paira nos ares dos tempos que correm. E espetam as agulhas às insuficiências e vulnerabilidades que o país detém há décadas, em especial num Serviço Nacional de Saúde com rombos, por via do crescimento de um setor privado que se prova hoje o seu sentido único: Ganhar dinheiro às golfadas.
O país precisa de lições, e neste aspeto, há várias a enaltecer: Uma gestão política humilde, responsável e abnegada no combate a esta crise sem precedentes; uma oposição que se tem revelado solidária e com sentido de Estado. Para além das classes que enfrentam nas linhas da frente, de forma corajosa, dando um exemplo gigante de profissionalismo e de humanidade.
Há-de haver um tempo de contas. E, nesse tempo, voltaremos à hipocrisia gritante de que o Homem se alimenta muitas e muitas vezes, mas o tempo de agora é de recolhimento, solidariedade e amor ao próximo.
Tenhamos a capacidade de não alimentarmos o isolamento mental, porque, a fase seguinte vai precisar de cabeças sãs, capazes de empreender a luta da reconstrução.
Raul Tavares
Diretor