O terminal rodoviário de Cacilhas, em Almada, não parece o mesmo, porque a Transportes Sul do Tejo (TST) continua com poucos passageiros, que demonstram um “comportamento exemplar”.
“Cinco estrelas, está a correr perfeitamente. As pessoas têm respeitado, fizeram reforço de carreiras e até agora está a correr muito bem”, disse à Lusa a motorista Paula, de 48 anos, que se encontrava a fazer uma pausa de “dois minutos” antes de voltar ao serviço.
Já passava das 8h00 de hoje, mas as paragens do terminal de Cacilhas, em Almada, no distrito de Setúbal, mantinham-se praticamente desertas, sendo que apenas duas tinham cerca de uma dezena de pessoas a aguardar transporte.
“No estado de emergência tivemos uma redução de passageiros na ordem dos 90%, o que efetivamente hoje podemos confirmar aqui, que os passageiros ainda continuam a ser bastante reduzidos”, constatou a diretora comercial da rodoviária, Rita Lourenço.
Na segunda-feira, os TST retomaram as carreiras com ligação ao Areeiro, Cidade Universitária e Marquês de Pombal, em Lisboa, e um conjunto de ligações escolares, mas a procura não correspondeu à oferta, segundo a responsável.
“Nós temos uma oferta instalada de 50%, sendo que a percentagem de passageiros ronda os 15%. Esta segunda-feira era expectável que houvesse uma retoma, mas isso infelizmente não aconteceu”, lamentou.
Também ao nível das carreiras escolares, “a procura tem sido muito reduzida” e há mesmo “algumas circulações que andam sem ninguém”, indicou.
Ainda assim, Rita Lourenço frisou que os passageiros “têm tido um comportamento exemplar, inclusivamente no que respeita à utilização de máscara”, pelo que “não tem havido problemas”.
Em declarações à Lusa, os utentes que se encontravam no terminal de Cacilhas mostraram-se compreensivos face à realidade em que vivemos, com a pandemia da covid-19.
“Tem corrido tudo bem, está a funcionar normal, às vezes atrasa um bocadinho, mas é coisa pouca, de dez ou cinco minutos”, disse o utente André, de 33 anos.
Segundo o passageiro, as pessoas têm respeitado a obrigatoriedade de uso de máscara e “sentam-se em lugares diferentes, afastadas umas das outras”, até porque senão “os fiscais impedem a entrada no autocarro”.
Já o utente Jefferson, de 24 anos, queixou-se de que “ainda há poucos horários” e tem que entrar mais tarde no trabalho porque a carreira que costumava apanhar “era um bocadinho mais cedo e ainda não está a passar”.
Pelo contrário, Ana Jorge, de 50 anos, considerou que o serviço dos TST “está um bocadinho melhor”, porque já foram repostas as carreiras com ligação a Lisboa.
“Eu estive sempre a trabalhar, porque trabalho na área da saúde e durante o tempo em que houve o estado de emergência foi extremamente complicado porque faltaram autocarros. Eu costumava apanhar o expresso, mas deixou de existir. Tive de me adaptar. Agora a pouco a pouco, principalmente esta semana, noto que há mais transportes”, apontou.
No entanto, para a TST, ainda é incerto quando é que o serviço pode ser retomado integralmente, porque a empresa ainda está “numa fase de aprendizagem” e “o retorno a 100% significa apenas uma capacidade de transporte de 60%”, devido à limitação de dois terços da ocupação da viatura.
“Nós queremos muito que aconteça o mais breve possível, no entanto, têm de ser criadas condições por parte da Área Metropolitana de Lisboa para que as empresas possam fazer essa retoma”, defendeu Rita Lourenço.
A empresa ainda tem 32% dos trabalhadores em regime de lay-off e a quebra do número de passageiros em 90% durante o estado de emergência “traduz-se num prejuízo por mês de mais de dois milhões de euros”, revelou.