No distrito de Setúbal há um preso com Covid-19. Os guardas prisionais defendem a suspensão das saídas precárias.
Os três estabelecimentos prisionais do distrito de Setúbal – Montijo, Setúbal e Pinheiro da Cruz (Grândola) – podem vir a não ter condições físicas para acolherem, em quarentena, todos os presos que retornam de saídas precárias. Para tal basta que o número de reclusos que regresse numa mesma data a uma dessas cadeias seja, por exemplo, de dez. A situação agravar-se-á com o regresso dos que, na sequência da pandemia de Covid-19, beneficiaram de uma saída de 45 dias e que deverão regressar em simultâneo.
A situação nas cadeias do distrito é de incerteza. Uma dúvida que, de resto, é comum aos restantes presídios do país (49 no total). Segundo diz a Associação Nacional de Chefias do Corpo da Guarda Prisional, os reclusos que saem em precária são obrigados, no regresso, a submeterem-se a um período de quarentena de 14 dias. Nessa ocasião, segundo refere ao Semmais o presidente da estrutura sindical, Hermínio Barradas, cada indivíduo é colocado “onde houver lugar”. Passado o período da quarentena os presos regressam ao bloco de celas, caso não revelem sinais da doença, ou são submetidos a testes de despistagem, no caso de revelarem algum sintoma.
Foi assim que, no início da semana, se detetou o único recluso no distrito que até hoje testou positivo para a Covid-19. Trata-se de um homem a cumprir pena em Pinheiro da Cruz (Grândola), que esteve em quarentena com um outro indivíduo. Os testes ao segundo nada revelaram. Entretanto, foram também já realizados testes aos guardas prisionais que estiveram em contacto com o preso infetado, não tendo sido detetado nenhum positivo.
Guardam têm materiais de proteção, mas sentem alguma insegurança
Hermínio Barreira diz, por outro lado, que todos os guardas estão, até ao momento, bem apetrechados de material de proteção individual (luvas, máscaras e viseiras), mas não esconde que a atual situação não é segura. “Se o número de infetados alastrar nas cadeias, torna-se incontrolável”, afirma.
O dirigente sindical defende que, no atual quadro de pandemia, deveriam ser canceladas as saídas precárias aos presos, uma vez que, conforme afiança, as cadeias não possuem locais suficientes e adequados para colocarem os reclusos de quarentena nem enfermarias com espaço disponível para fazer face a uma vaga de internamentos. “Ou se deixam os presos nas celas ou se levam para os hospitais, situação que todos sabemos não ser do agrado dos mesmos, uma vez que não existem muitas vagas disponíveis”.
O mesmo responsável aponta ainda com grande preocupação o regresso das centenas de reclusos a quem, no início da pandemia, foi concedida uma saída de 45 dias. “Vão regressar todos no mesmo dia, porque foi no mesmo dia que lhes foi concedida a licença. Terão de se submeter a quarentena e, tanto quanto sei, nas cadeias nacionais e, evidentemente, nas do distrito, não existem condições para manter uma dezena de pessoas nessa situação”, concluiu.