Festa da Aroeira pode estar na origem do foco do Bairro da Jamaica

Uma festa realizada no início do mês na Aroeira terá estado na origem de um foco que já fez 32 novos doentes, 16 deles no Bairro da Jamaica.

A Câmara Municipal do Seixal responsabiliza a Unidade de Saúde Pública Almada/Seixal por não ter, alegadamente, prestado esclarecimentos acerca de uma festa realizada no início do mês, na Aroeira, Almada, e que terá sido o foco inicial de uma infeção de Covid-19 de 32 pessoas residentes na zona. Destes novos doentes, 16 são de Vale de Chícharos, mais conhecido como Bairro da Jamaica.

“O município do Seixal solicitou à Unidade de Saúde Pública de Almada e Seixal que lhe fosse prestada a informação sobre a origem dos novos casos que surgem no concelho e a sua evolução, de modo a poder ajudar na sua contenção. Lamentamos que essa informação não tenha sido facultada ao Município e às instituições que estão na linha da frente e que depois seja conhecida através da comunicação social. Não nos parece que esta seja a melhor forma de combatermos esta pandemia”, diz em comunicado a autarquia seixalense.

No documento enviado ao final do dia ao Semmais Digital, a câmara do Seixal diz que a festa em causa teve lugar nos dias 1, 2 e 3 deste mês, tendo nela participado jovens de diversos concelhos da Área Metropolitana de Lisboa. Esta informação terá chegado ao município no dia 14 de maio, tendo sido transmitida pelas autoridades de saúde durante a reunião da Comissão Municipal de Proteção Civil.

No dia seguinte, diz ainda a autarquia, as autoridades de saúde terão solicitado a colaboração da câmara para a realização de ações de sensibilização em Vale de Chícharos, na Amora, e em Santa Marta, Corroios. Estas mesmas ações, lê-se ainda no comunicado, começaram a desenvolver-se no dia seguinte e no dia 18, tendo sido acompanhadas por efetivos da PSP.

“A Câmara Municipal do Seixal manifestou toda a disponibilidade para intervir de acordo com o que a Unidade de Saúde Pública de Almada e Seixal considerasse necessário para a contenção destes pequenos surtos, tendo sido informada pelas autoridades de saúde que estas iriam avançar com uma determinação para o encerramento dos bares e que iriam acompanhar o cumprimento do confinamento em articulação com as forças de segurança”, refere ainda a autarquia.

Face à situação, a Câmara do Seixal anuncia também que já fez seguir um pedido de audiência à ministra da Saúde, Marta Temido, a quem será dada conta da insatisfação gerada por esta aparente falta de coordenação com a Unidade de Saúde Pública Almada/Seixal.

A edilidade lembra ainda que dos 18 concelhos da Área Metropolitana de Lisboa, o Seixal é o 13º em número de infetados, com 322 casos confirmados (19,30 por 10.000 habitantes). “O Seixal está abaixo da média da Área Metropolitana de Lisboa, que conta com 8.000 casos confirmados (28,11 por 10.000 habitantes) e tem menos de metade do que o Concelho de Lisboa, onde se registam 2.206 casos confirmados (41,54 por 10.000 habitantes). O mesmo ocorre na Península de Setúbal, onde nos Concelhos do Barreiro e Almada existem 207 e 352 casos confirmados e onde o número contaminados por 10.000 habitantes é superior, 27,45 e 20,83, respetivamente”, refere ainda o comunicado.

O município lembra também que desde que foi declarada a pandemia já distribuiu mais de 50 mil equipamentos de proteção individual a entidades de segurança e bombeiros. “Estamos a distribuir um milhão de máscaras à população. Temos prestado todo o apoio à realização de testes em lares e instituições sociais. Instalámos um equipamento de apoio ao Hospital Garcia de Orta e cedemos ao Hospital um espaço municipal para armazenamento de materiais hospitalares. Criámos Centros de Acolhimento Temporário para doentes com Covid-19 e para pessoas sem-abrigo. Criámos também Centros para Equipas de Reforço dos Bombeiros e para bombeiros que se encontram em quarentena. Para a concretização destas e de outras medidas reforçámos o orçamento em três milhões de euros e continuaremos a tomar todas as medidas que forem necessárias para apoiar a população do Seixal”, diz o documento assinado pelo presidente do município, Joaquim Santos.