A Companhia de Ópera de Setúbal, projeto inaugurado este mês com a ópera “Os Fantasmas de Luísa Todi”, nasceu a partir do Coro Setúbal Voz, e promete apresentar ao público duas produções por ano.
Com direção artística do maestro e compositor Jorge Salgueiro, desde há cerca de dois anos, o Coro Setúbal Voz foi o primeiro passo de um processo que deu origem à fundação do Ateliê de Ópera de Setúbal, no final do ano passado, e, já este ano, à criação da nova Companhia de Ópera de Setúbal.
“Nós tínhamos previsto, a partir do ateliê de ópera, fundar uma companhia, talvez no final deste ano. Mas, com os constrangimentos das salas, o espetáculo [inaugural] do dia 4 de julho teve a condicionante de não poder ter um coro na sua íntegra e de estarmos limitados a sete pessoas”, no elenco, disse à Lusa o compositor e líder do projeto, Jorge Salgueiro.
“Essas restrições foram a mola impulsionadora para avançarmos mais cedo para a companhia de ópera, que é a terceira formação resultante da Associação Setúbal Voz e que, naturalmente, é mais restrita em termos do número de membros que dela fazem parte, dado que, neste momento, é constituída pelos professores da associação e alguns elementos que apresentam melhores condições para fazer parte de uma companhia de ópera”, acrescentou.
A Companhia de Ópera de Setúbal, que pretende apresentar uma segunda produção ainda este ano, deu início ao seu percurso público com a estreia, há uma semana, da ópera “Os Fantasmas de Luísa Todi”, no Fórum Municipal com o nome da cantora lírica setubalense.
“Os Fantasmas de Luísa Todi’ é um espetáculo que nasceu da ideia de termos uma sala inóspita em termos de público. Dadas as condicionantes que temos na ocupação das salas, eu imaginei uma sala vazia e um espetáculo numa casa meio assombrada. E daí surgiu o nome, um bocadinho como nos livros de Saramago: por vezes o título surgia como motor para tudo o resto”, disse.
“E do nome surgiu o espetáculo, não o contrário. A dramaturgia de ‘Os Fantasmas de Luísa Todi’ foi construída a partir dessa ideia, dos momentos que assombraram a vida e a carreira dessa grande cantora, que foi, e continua a ser, uma referência nacional. E que foi também um dos nomes maiores da música do seu tempo”, sublinhou Jorge Salgueiro, sobre a cantora lírica de Setúbal, que atuou nas grandes cortes europeias e nos principais palcos de ópera do final do século XVIII, de Lisboa a São Petersburgo, passando por Paris, Viena e Nápoles, entre outras cidades capitais.
No futuro, Jorge Salgueiro diz que a Companhia de Ópera de Setúbal pretende apresentar duas produções por ano, a próxima no dia 1 de novembro.
“Quando se funda uma companhia de ópera, não é mais do que assumir a continuidade da produção de espetáculos de ópera. Temos para nós que, em condições normais, teremos duas produções de ópera por ano”, disse.
“Vamos ver o que é possível fazer neste momento. Temos um espetáculo já criado, que pode vir a ser reposto (Os Fantasmas de Luísa Todi’), e temos ideia de, no dia 1 de novembro, estrear um novo espetáculo Ópera, Sexo & Poder’ De qualquer modo, em termos futuros e em condições normais, o nosso objetivo é fazer duas produções por ano, com espetáculos originais ou recriações de óperas já existentes”, anunciou o fundador da nova Companhia de Ópera de Setúbal.
Jorge Salgueiro, que também faz parte da direção artística do Teatro O Bando, desde há 20 anos, não exclui por isso eventuais parcerias futuras entre a Companhia de Ópera de Setúbal e aquela companhia de teatro de Palmela, com a qual até já trabalhou o Coro Setúbal Voz.
“Por onde tenho passado tenho conseguido realizar parcerias que têm sido muito boas para as várias entidades envolvidas. Uma das parcerias foi precisamente entre o Teatro O Bando e o Coro Setúbal Voz, que é a estrutura base da Companhia de Ópera”, disse Jorge Salgueiro, reiterando que “o Ateliê de Ópera é a plataforma intermédia entre o Coro Setúbal Voz e a Companhia de Ópera de Setúbal”.
Por Palmela vai passar também o próximo espetáculo do Ateliê de Ópera de Setúbal, “Nessun Dorma”, a realizar amanhã, a partir das 15h00, em que o público vai circular pela mata do castelo – o Parque Venâncio Ribeiro da Costa -, onde vão estar 36 cantores e 36 instrumentistas, a interpretar 36 árias de ópera, em 36 diferentes locais.
“É um espetáculo em andamento (…) e em que o público, ao mesmo tempo que ouve música e vê um espetáculo, faz uma visita a um parque que é lindíssimo e que fica mesmo no sopé do castelo Palmela. E tanto o castelo como a mata são espaços muito bonitos”, concluiu Jorge Salgueiro.
O acesso ao espetáculo é gratuito, e os bilhetes podem ser levantados até hoje à tarde, no Cineteatro S. João, em Palmela, ou no dia e no local espetáculo, a partir das 15h00, caso ainda não esteja lotado.