O Estado e os municípios da Área Metropolitana de Lisboa operaram uma grande revolução na mobilidade urbana ao nível dos transportes públicos. Falo do esforço que foi necessário empreender para levar a cabo a operação “Navegante”.
Como se sabe, a montante, o número de utentes que começou a trocar a viatura própria pelo transporte público aumentou às centenas de milhar. É uma revolução. Aliás, a única que consegue congregar a dimensão social com a ambiental.
Ocorre que as operadoras não têm cumprido a sua parte e a pandemia veio ferir esta empreitada que, a prazo, poderá, não tenhamos dúvida, resolver este gritante problema urbano da mobilidade. Desde logo, os parcos investimentos no aumento da frota, tanto de autocarros como de barcos, no caso das travessias fluviais.
O suporte financeiro brutal que tanto o estado como as autarquias estão a desenvolver para que esta metamorfose resulte tem batido neste handicap das operadoras.
É verdade que o aumento e a renovação das frotas encalham num mar de dinheiro. São investimentos avultados. Mas, já muitos especialistas consideraram serem operações economicamente viáveis, a médio prazo, porque, primeiro, é preciso lançar estas fundações.
Se a população migrante, mais de 200 mil pessoas que atravessam as margens do Tejo diariamente para trabalhar, sentir o conforto de horários e de comodidade no transporte, vai certamente aderir, cada vez mais, a uma modalidade que deixa o carro em casa e aposta no transporte público.
É, pois, crucial que se encontre uma plataforma de entendimento que faça com que este caminho em boa hora lançado pelas autoridades da AML prossiga, e que se não deite a perder esta oportunidade única de ganhar a guerra da mobilidade urbana.
Raul Tavares
Diretor