A ligação de Sines à Linha do Sul não será feita, para já, através do litoral, mas através de uma interceção em Ermidas do Sado.
A ligação ferroviária entre Sines e a Linha do Sul vai ser feita através de uma interceção em Ermidas do Sado. A decisão foi anunciada esta semana pela Infraestruturas de Portugal e impede, para já, que seja construída uma via férrea junto ao litoral, suscetível de destruir uma grande quantidade de sobreiros e de causar problemas ambientais e urbanísticos em Santiago do Cacém e Santo André. A ligação direta a Grândola, que é há muito a defendida pelas grandes indústrias estabelecidas em Sines, não está, no entanto, esquecida, podendo ser efetuada nos próximos dez anos.
A modernização do troço de via férrea em causa compreende dois concursos já lançados pela Infraestruturas de Portugal, sendo o custo total na ordem dos 40 milhões de euros. A parte mais dispendiosa (quase 34 milhões de euros) prevê a modernização do atual canal ferroviário da Linha de Sines, no troço entre Ermidas-Sado e Sines, com “trabalhos de via-férrea, terraplenagem, drenagem, obras de arte correntes-passagens superiores e passagens inferiores, restabelecimentos, construção de uma nova estação técnica e modernização das estações existentes, instalações fixas de tração elétrica, infraestruturas de base para sinalização e telecomunicações”.
A obra foi saudada pelo presidente da Câmara Municipal de Santiago do Cacém, Álvaro Beijinha que, em declarações ao Semmais, disse que o projeto agora escolhido foi o que sempre foi defendido pela autarquia. “Na proposta do Governo, há dez anos, Santiago do Cacém e Santo André iriam ficar divididas. A ligação a Ermidas iria desaparecer e as obras iriam causar problemas ambientais”, afirmou.
Autarca de Sines satisfeito, mas alerta para necessidades futuras
A mesma satisfação foi expressa ao Semmais pelo presidente da autarquia de Sines, Nuno Mascarenhas. “Vejo com enorme satisfação o lançamento deste concurso de modernização, uma vez que era um investimento há muito aguardado. Era absolutamente incompreensível que o maior porto nacional continuasse a ver adiado um investimento em infraestruturas absolutamente estratégicas para o seu crescimento e para o país”, atestou.
O autarca deixou, no entanto, a ideia de que em breve será necessário voltar a melhorar as ligações ferroviárias da região. “É preciso sublinhar que esta é uma solução que corresponde às necessidades atuais, mas que dificilmente se projeta além do curto prazo. O aumento da movimentação de carga, a perspetiva de alargamento do Terminal XXI e o facto de estar em concurso o novo Terminal Vasco da Gama, elevam aquilo que podem ser as necessidades futuras, sobretudo ferroviárias. Se quisermos olhar para o futuro devemos desde já pensar num modelo alternativo que crie condições de suporte para o desenvolvimento deste ecossistema portuário e industrial e que não fique condicionado aos constrangimentos do atual traçado”, acrescentou.
Este modelo, conforme apurou o nosso jornal, passa, ainda pela possibilidade de construir o troço direto entre Sines e Grândola, junto ao mar. Essa possibilidade consta, aliás, da agenda do Conselho Superior de Obras Públicas, sendo exequível (e financiado) até 2030.








