Menos dias, menos espetáculos, mas a garantia da mesma entrega e qualidade. A promessa é da organização que manifesta felicidade a dobrar porque, houve momentos, em que a hipótese de não se realizar o festival esteve em cima da mesa.
Com todas as limitações impostas pela pandemia, o Festival Internacional de Teatro de Setúbal resiste e, entre 21 e 29 de agosto, apresenta uma programação adaptada para a XXII edição.
Com uma forte presença de companhias nacionais e apenas com uma representação espanhola, La Compañia Albadulake, o evento conta com a estreia da peça “Amores na clandestinidade”, dos Hotel Europa, e uma oferta variada de espetáculos entre a secção oficial e a “Mais Festa”.
Para José Maria Dias, diretor do Teatro Estúdio Fontenova e do festival, esta é uma edição especial. “Estamos aqui! Com felicidade a dobrar porque, há uns meses, pusemos a hipótese do festival não se realizar”, admitiu na apresentação pública que decorreu na Casa da Baía. “Eu sempre acreditei, e, em 2020, a festa realizar-se-á com o mesmo espírito de família com o qual crescemos e com todos aqueles que nos têm acompanhado”.
A pandemia que deixou em suspenso a atividade cultural ao longo dos últimos meses e que anulou um conjunto de eventos, encontra “rivais à altura” na organização do Festival Internacional de Teatro de Setúbal. “Incluímos trabalhadores das artes da nossa comunidade na equipa e fizemos um conjunto de 22 vídeos com o comércio local que são, no fundo, um roteiro de espaços que propomos que sejam visitados pelo nosso público.”
Público esse que também terá de se adaptar às regras existentes. Entre elas de bilheteira. “Todos os espetáculos têm bilhetes, mesmo os gratuitos, que têm de ser reservados e levantados mais cedo do que é costume. As bilheteiras vão funcionar a partir de dia 17 de agosto, na Escola Sebastião da Gama, entre as 18h00 e as 21h00, para os espetáculos que não se realizam no Fórum Luísa Todi.” Uma maneira de evitar ajuntamentos e permitir que se cumpram as orientações da DGS. Para além disso, a organização sugere pagamentos por meios alternativos, nomeadamente por MBWay ou transferência bancária.
Limite de 50% da lotação implica contas mais desequilibradas
As várias propostas da festa do teatro vão passar pelo Fórum Luísa Todi, pela Antiga Gráfica dos Armazéns de Papéis do Sado e pelos espaços da Escola Sebastião da Gama, nomeadamente, pelo auditório, pátio e ginásio. A lotação dos espaços fica reduzida a 50% por decisão da organização o que implica ainda maior ginástica financeira, apesar das bilheteiras não serem a maior fonte de receita. “As contas vão ficar ainda mais desequilibradas do que é costume”, diz José Maria Dias, até porque alguns dos espetáculos que estavam agendados e foram adiados implicam o pagamento de metade dos cachets previstos.
O festival conta com um importante apoio financeiro e logístico da câmara de Setúbal. Na apresentação do programa, Maria das Dores Meira elogiou a forma como o evento se reinventou o que é “prova de resiliência e persistência por parte da organização que se readaptou à realidade adversa e mostrou que é possível fazer cultura e não baixar os braços, enfrentando assim mais uma grande prova de fogo”.
A abertura acontece no Jardim Multissensorial das Energias, às 18h00, de dia 21 de agosto, com o “Fado Bicha”. À noite, no Fórum Luísa Todi, a Companhia de Teatro do Algarve apresenta “Instruções para abolir o Natal”. A programação completa pode ser consultada online na página do Teatro Estúdio Fontenova e nas redes sociais da companhia.