Moradores alertam para canil ilegal com condições miseráveis em Santo António da Caparica

Com o assunto na ordem do dia, os moradores do bairro de Santo António da Caparica voltam à carga e denunciam as condições “miseráveis” de um canil ilegal em Almada. Em Setúbal e Palmela, os Centros de Recolha Oficial de Animais (CROA) estão sobrelotados.

Já lá vão “pelo menos sete anos” desde que os moradores do bairro de Santo António da Costa de Caparica, em Almada, apelam às autoridades para intervirem no caso de um canil ilegal “que fica junto a prédios e a zonas comerciais”. Segundo Patrícia Silva, responsável pelo grupo Amigos dos Animais – Costa de Caparica, o tutor do espaço “devia ser proibido de ter animais”. Apesar de não saber ao certo quantos cães se encontram atualmente naquelas instalações – “são vendidos, maltratados, atirados em bebés para contentores e mortos em lutas” -, a ativista garante ao Semmais que “estão doentes, com fome, sujos, vivem em condições miseráveis, sem água e sem qualquer espécie de saneamento. Não há cuidados médico-veterinários ou contacto humano e apresentam traumas muito sérios. Recolhemos cachorros de um mês e meio com sintomas de pânico e subnutridos”.

Há pelo menos quatro anos que, “quer o município, quer as autoridades têm conhecimento desta situação, mas até agora nada foi feito. Os serviços veterinários de Almada estiveram lá, mas como se trata de propriedade privada e não estava ninguém, não puderam entrar”.

Patrícia Silva ressalva ainda que, enquanto cuidadora de animais de rua, já trabalhou com a Câmara Municipal de Almada, “na identificação de matilhas e esterilização de cadelas, e por isso também gostaríamos de conseguir resolver esta situação”. Para já, a esperança reside numa queixa apresentada pelo PAN – Pessoas, Animais e Natureza junto de várias entidades em que os Amigos dos Animais são as principais testemunhas: “Vandalizaram-nos o carro, mas o bem-estar destes animais é mais importante. Não temos medo”.

 

CROA de Setúbal e Palmela têm listas de espera para acolhimento

A legislação que proíbe os abates de animais entrou em vigor há alguns meses e, apesar da intensificação das campanhas de adoção e de esterilização, os CROA existentes não conseguem dar resposta às necessidades.

Em Setúbal, o canil municipal tem capacidade para 30 cães e dez gatos, mas encontra-se permanentemente sobrelotado, existindo uma lista de espera. De acordo com a vereadora do Ambiente, Carla Guerreiro, a lista aumenta devido às “solicitações permanentes do Ministério Público e das autoridades policiais no sentido de serem alojados mais animais”. “As necessidades de acolhimento de animais são muito superiores à capacidade existente”, admite, por isso, sendo “o bem-estar animal uma questão de saúde pública e ambiental, vamos aumentar o canil municipal, permitindo-nos acolher até cerca de 80 animais”, afirmou.

Também em Palmela, o município aponta para um défice na recolha e alojamento de animais errantes. O objetivo é expandir o CROA, mas como solução provisória, a autarquia tenta acomodar os animais excedentários nas associações de bem-estar animal do concelho, às quais presta apoio financeiro.

Note-se que, segundo dados da Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) apenas metade dos municípios portugueses (166) utilizam centros homologados para recolher animais errantes. Em 2018 foram mais de 40 mil os animais recolhidos.