Fugas ao confinamento são raras no distrito

O controlo dos infetados é feito pelos técnicos da Direção Geral de Saúde e, só em caso de suspeita, é que a polícia é chamada a intervir.

Os surtos de Covid-19 no distrito de Setúbal não são mais preocupantes do que os detetados noutras zonas do país. A doença não prevalece mais nesta região do que noutras e os casos de desobediência, por incumprimento das regras de confinamento, são raros. A informação foi dada ao Semmais por Mário Durval que, até 31 de agosto, cumpriu a função de delegado de Saúde Regional de Lisboa e Vale do Tejo.

“Todos os dias fazemos e entregamos à polícia a lista das pessoas com o vírus ativo. É às autoridades policiais que compete fazer a vigilância dessas pessoas. Como o fazem, não sei. Mas são residuais os casos de desobediência de que tenho conhecimento. São poucos os casos de pessoas que, sabendo que têm a doença, resolveram sair e por outras em perigo. Houve uma ou outra condenação em tribunal, mas nada de alarmante”, disse Mário Durval.

Fonte policial contactada pelo Semmais referiu, por sua vez, que se contam “pelos dedos das mãos” os casos de pessoas infetadas apanhadas em incumprimento. “A polícia recebe as moradas das pessoas que têm de permanecer em casa. Por norma são os técnicos da Direção Geral de Saúde que fazem o controlo dos infetados. Telefonam-lhes. Só no caso de as chamadas não serem atendidas, de os telefones serem desligados ou até destruídos, é que a polícia vai à morada. Já têm acontecido algumas situações, mas não são frequentes. Há sítios, onde o nível económico dos residentes é mais baixo, onde acabam por acontecer os crimes de desobediência, mas mesmo esses não arriscam muito, até porque os vizinhos aprestam-se a comunicar”, explicou.

Sobre a evolução da doença no distrito, Mário Durval (que acabou a comissão como delegado Regional e vai regressar ao trabalho no Arco Ribeirinho) diz que não existem motivos para alarme. “A nível de saúde tudo está controlado e penso que tem sido efetuado um bom trabalho, embora não seja reconhecido nem divulgado como deveria ser o trabalho das pessoas que trabalham 24 sobre 24 horas. A situação no distrito de Setúbal não é mais grave do que no resto do país. Até porque os casos que surgem são, por norma, em lares. As pessoas estão todas juntas. Problemático é quando surgem, por exemplo, 30 casos dispersos numa cidade. Aí, é bem mais difícil identificar todos os que estiveram em contacto. O resto que se possa dizer é folclore. Há muito folclore político”.