Segundo a Fiequimetal e a comissão de trabalhadores (CT), a administração da Autoeuropa já comunicou a vários trabalhadores que não vai renovar os seus contratos a prazo.
Para alguns trabalhadores, este era o último contrato antes de passarem a efetivo, segundo o sindicato que critica que continuem a ser utilizados trabalhadores temporários e que a não renovação de contratos acontece depois da fábrica ter recebido apoios do Estado.
“A Autoeuropa está a comunicar a trabalhadores que não vai renovar o contrato ou que não os passa a efetivos, pois alguns deles estão no final do terceiro contrato a prazo”, disse ao Jornal Económico Eduardo Florindo do Site Sul (Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul) que pertence à Fiequimetal, afeta à CGTP.
“Os que estão a receber a carta trabalham na área das carroçarias, no body”, acrescenta, apontando que o sindicato já pediu uma reunião à administração, que vai ter lugar no dia 23 de setembro.
Segundo Eduardo Florindo, em declarações ao mesmo jornal, a administração está a comunicar a sua decisão a trabalhadores que terminam o contrato em outubro e novembro. Mas o dirigente aponta que há mais trabalhadores a terminar contrato até ao final do ano e o sindicato também quer saber o que vai acontecer nestes casos. “Não sabemos se vão ser despedidos, se não vão”.
A justificação que está a ser dada é devido à redução da “produção dos monovolumes” Volkswagen Sharan/Seat Alhandra. “Esta justificação não tem qualquer fundamento porque a empresa já sabia que este modelo vai ser descontinuado no final do ano, vai terminar”.
“Isto não tem qualquer justificação até porque a Autoeuropa está a laborar com todos os turnos. Até dia 5 de outubro está a pedir às pessoas para irem trabalhar para recuperar produção. Isto não faz sentido numa empresa que recebeu apoios do Estado, e que esteve em regime de layoff simplificado”, segundo o sindicalista.
“Não percebemos porque é que a Autoeuropa está a comunicar que não renova contratos quando existem muitos trabalhadores de trabalho temporário”, afirmou.
A Comissão de Trabalhadores também confirma que vários trabalhadores já foram informados pela administração que o seu contrato não vai ser renovado. “Alguns trabalhadores já receberam cartas. Estamos a ver se conseguimos reverter essa decisão”, disse o coordenador da CT ao JE.
“Este mês e no próximo há pessoas que terminam contratos e mostrámos a nossa preocupação à empresa” sobre a não renovação, segundo Fausto Dionísio.
“É um número de pessoas que ainda não sabemos, estamos a pressionar a empresa para renovar o contrato a todas as pessoas, porque nós temos a capacidade”, destacou este responsável.
Fausto Dionísio apontou que a justificação dada pela empresa para a não renovação foi a “descida drástica da produção do monovolume”. “Estamos a fazer o mesmo número de carros, só que o monovolume é um carro maior, tem muito mais trabalho”, sublinhou.
A fábrica portuguesa da Volkswagen retomou por completo os seus 19 turnos semanais, 15 nos dias úteis e quatro ao fim de semana, tal como acontecia antes da pandemia da Covid-19, no final de agosto. Isto significa que a fábrica passou a produzir 890 automóveis por dia, entre Volkswagen T-Roc, a grande maioria, e Seat Sharan.
A fábrica do grupo alemão fechou o ano de 2019 com um novo recorde de produção. A maior fábrica automóvel em Portugal produziu um total de 256.878 unidades.
Este valor representa uma subida de 16,3% face a 2018, ano em que foi atingido outro recorde ao serem produzidos 223 mil unidades na fábrica portuguesa da Volkswagen (mais 106% face a 2017).
Além do recorde de produção, o volume de negócios da Autoeuropa subiu 15% em 2019 para um total de 3.737 milhões de euros, o valor mais elevado de sempre. Mas a pandemia deverá afetar a produção anual da companhia, pois a Autoeuropa registou uma quebra na produção de 38,2% entre janeiro e julho deste ano num total de 98 mil unidades fabricadas, segundo os dados da ACAP.