A sociedade suspensa em 2º ato

No início desta pandemia e nestas mesmas colunas expressamos o nosso pensamento e num momento de pânico geral, naquela altura afirmamos: “Vivemos tempos nada fáceis, apesar do país estar numa situação aparentemente mais controlada, comparada com outros países europeus; o futuro a Deus pertence. Todos temos tempo para refletir, ler e reaproximar de quem mais gostamos e voltar às nossas raízes enquanto seres”.

E mais ainda: “a economia é o motor da nossa sociedade e a atividade social cresceu exponencialmente de forma genérica no Mundo, as pessoas de no seu grau de individualismo não tinham tempo para se aperceberem no quanto estavam a contribuir para uma “bola grande” que poucos usufruem e as assimetrias foram-se acentuando no planeta Terra.

Há décadas que se foram constituindo assimetrias em todas as áreas da sociedade da política à religião, passando pelo desporto, à cultura, à solidariedade social entre outras áreas.

Esta pandemia também vai assim exortar que os modelos associativos / instituições façam uma profunda reflexão e questionarem se fazem sentido, subsistir, na busca incessante de procurarem captação de receitas, as quais são muitas vezes absorvidas em custos internos, sem terem reflexo exterior.

Não temos dúvidas em afirmar que as instituições privadas de proximidade ao serviço das pessoas e com baixos custos de funcionamento interno foram as que conseguiram dar uma melhor resposta às fatalidades do COVID19.”

E por fim afirmamos: “sociedade está suspensa porque tem de se organizar libertando custos de funcionamento internos para que aquelas verbas sejam canalizadas na redução das assimetrias sociais”.

Entendemos fazer estas citações de à seis meses como um balanço (sintético) sobre o que foi ou não foi feito. Sentimos que as lideranças do Estado continuam a comunicar mal e cobardemente não dão exemplos simples, por exemplo no uso da máscara ou só a usam quando estão a comunicar com o povo?

Uns podem realizar festas e dançar e conviver com um fragmento de componente dos meios culturais com salada russa de política, ao invés outros quando estão a conversar em espaço público com amigos são impedidos de o fazer.

O discurso político continua a iludir que a Europa vai resolver os problemas de Portugal com os milhões, deve ser explicado que o normal é fazermos o ciclo da vida de um Estado: ocorre uma crise económica seguida de uma crise financeira e social e por fim a crise política.

Cobardemente o atual PM quis alterar o ciclo normal para se perpetuar no topo da pirâmide, desta vez deu-se mal porque as reações foram adversas. Mas, pensávamos que iria ser obrigado a governar. Tememos que não vá acontecer porque o que constatamos da direita à esquerda continuam a fazer fretes.

Portugal, precisa de uma alternativa no rumo e que assuma uma liderança para que em 2021 voltemos a acreditar no crescimento económico cinco anos após a pandemia.

Infelizmente, a pandemia e o pessimismo demoram a ser vencido inclusive em instituições / associações que se dizem tão fraterna e solidárias que não têm sabido dar prática à sua missão, tendo-se fechado no grau do individualismo dos seus membros.

ESPAÇO LIVRE E ABERTO
Zeferino Boal
Colaborador